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SAÚDE
Fumo em excesso e vida sedentária fazem dessas mulheres grupos de risco
Executiva se expõe mais que homem a doenças cardíacas
CLÁUDIA COLLUCCI
DA REPORTAGEM LOCAL
As executivas e as profissionais
liberais brasileiras já superaram
os homens em alguns fatores de
risco cardiovasculares. É o que revela uma pesquisa com 25 mil
check-ups médicos -20 mil homens e 5.000 mulheres- realizados entre 1990 e 2004 pela clínica
carioca Med Rio.
As doenças cardiovasculares
são hoje as principais causas de
morte em mulheres acima de 35
anos. Matam seis vezes mais que o
câncer da mama. Por isso, médicos defendem que as mulheres
nessa faixa etária façam também
avaliação anual do coração, além
dos exames ginecológicos.
A pesquisa, publicada em obra
recém-lançada pelo médico Gilberto Ururahy, chamada "O Cérebro Emocional - As Emoções e o
Estresse do Cotidiano"-, mostra
que, percentualmente, as mulheres executivas estão mais sedentárias e fumando mais do que os homens executivos avaliados.
O achado desmistifica a imagem da mulher executiva estampada nas revistas femininas: a da
mulher saudável, que adota uma
alimentação equilibrada e que
malha todos os dias.
Das mulheres avaliadas, 70%
não praticavam atividade física,
contra 65% dos homens. Elas
também estão dez pontos percentuais acima do público masculino
no fator tabagismo (45% contra
35%). No teste ergométrico, elas
tiveram pior desempenho, embora os médicos digam que esse resultado, isoladamente, não seja
indicativo de problemas.
Para Ururahy, os dados da pesquisa refletem bem o retrato da
mulher moderna, que acumula
dupla e, às vezes, tripla jornada
(casa, trabalho e universidade).
"Ao assumir funções importantes, elas se submetem aos mesmos
agentes estressores que os homens e desenvolvem as mesmas
doenças cardiovasculares, metabólicas, pneumológicas e gastrointestinais, entre outras", diz.
Ururahy afirma que, especialmente no meio empresarial, está
cada vez mais comum o hábito de
a mulher fazer uma avaliação
completa da saúde uma vez por
ano, a exemplo dos homens.
É o caso da executiva carioca
Ethel de Los Santos, 51, do Citibank, que há 13 anos faz anualmente um check-up, bancado pela empresa. "Ganho uma manhã
para isso. Faço os preventivos, como eletrocardiograma e radiografias. Dá medo do que os exames
podem encontrar. Mas penso
que, quanto mais cedo detectar alguma coisa errada, maiores serão
as chances de recuperação", diz.
Em um desses exames ela descobriu um nódulo suspeito na tireóide. Retirou a glândula e, para
sua sorte, o tumor era benigno.
Há sete anos, ela decidiu parar de
fumar. Agora, tenta manter atividade física regular.
O cigarro e o sedentarismo são
hoje dois dos principais vilões do
coração feminino. Mulheres que
fumam correm o risco de sofrer
um infarto 19 anos antes do que as
não-fumantes. O sedentarismo
também dobra o risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
Para o médico Otávio Rizzi Coelho, presidente da regional paulista da Sociedade Brasileira de Cardiologia, a inserção da mulher no
mercado de trabalho trouxe vantagens, mas também malefícios a
seu corpo, como o aumento do
consumo de álcool e do tabagismo. Para ele, porém, não é possível generalizar os dados da pesquisa da Med Rio para o conjunto
das executivas brasileiras, porque
o trabalho não foi traçado metodologicamente com esse objetivo.
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