São Paulo, domingo, 02 de outubro de 2005

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PLANTÃO MÉDICO

Acidente grave resulta em alto custo

JULIO ABRAMCZYK
COLUNISTA DA FOLHA

Avaliar o custo produzido pelos acidentes com automóveis ou por armas de fogo, tanto para o Estado, no atendimento aos acidentados, quanto para os familiares, quando ocorre a morte ou permanecem graves seqüelas, é uma tarefa difícil, mas não impossível.
Em Maryland (EUA), os acidentes com ou sem mortes, quando comparados com doenças graves como câncer e as do coração, tiveram maiores custos para a sociedade, segundo a médica brasileira Cynthia Gazal Carvalho, que está fazendo um curso de pós-doutorado no Centro de Pesquisas de Acidentes e Política de Saúde na Faculdade de Saúde Pública Johns Hopkins Bloomberg.
Cynthia é co-autora do trabalho "The Burden of Violence and Injuries in Maryland", publicado no último número da revista "Maryland Medicine" por N. Borse e colaboradores (C. Gazal Carvalho, A. Murthy, J. Onishi, V. Pham, M. Wen e T. Baker).
O estudo avalia o custo dos acidentes pela perda de produtividade e a mortalidade prematura dos acidentados em US$ 1,9 bilhão. E o custo para tratar sobreviventes é estimado em US$ 3 bilhões.
A pesquisa detectou também que quase metade dos anos produtivos de vida perdidos por pacientes no ano de 2003 ocorreu por doenças decorrentes de acidentes com armas de fogo ou veículos automotores.
Na conclusão, os pesquisadores destacam a necessidade de implementar o controle sobre o excesso de velocidade dos veículos por monitoramento eletrônico, assim como de leis relacionadas aos porte de armas e seu comércio.
No Brasil, há estudos sobre a relação do consumo de bebidas alcoólicas com acidentes e/ou mortes. Em trabalho publicado na ""Revista de Saúde Pública", da Faculdade de Saúde Pública da USP, Cynthia Gazal Carvalho e colaboradores (Beatriz Carlini Cotrim, Ovandir Alves Silva e Naim Sauaia) observaram que 28,9% dos 464 pacientes atendidos no pronto-socorro do Hospital das Clínicas apresentavam o álcool como causa diretamente relacionada à ocorrência.
O estudo observou também uma associação entre a prevalência da alcoolemia positiva e a gravidade do caso atendido pelo serviço médico.
Especialistas consideram de baixo risco para problemas não mais do que 20 gramas de álcool em um único dia, o que é o equivalente a duas latas de cerveja.


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