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Inquérito da PF sobre acidente da TAM
não aponta culpados
Conclusões sugerem que os erros foram apenas dos comandantes do avião, mortos no desastre
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal concluiu o
inquérito sobre o voo 3054 da
TAM sem apontar culpados. O
acidente, no início da noite de
17 de julho de 2007 no aeroporto de Congonhas, em São Paulo,
deixou 199 mortos e foi o maior
da aviação brasileira.
O relatório final não encontrou indícios de culpa de pessoas ligadas à operação do aeroporto, à regulação do sistema
aéreo e à empresa de aviação.
Naquele dia, os pilotos do
Airbus da TAM tentaram aterrissar, mas o avião não parou,
atravessou toda a pista de Congonhas, passou sobre a avenida
Washington Luís e caiu sobre
um prédio da própria empresa.
As conclusões da PF sugerem
que os erros ocorreram apenas
na cabine de comando. De
acordo com as caixas-pretas do
Airbus, os comandantes Kleyber Lima e Henrique Di Sacco
usaram os aceleradores da aeronave, conhecidos como manetes, de forma equivocada, o
que fez o avião, ao invés de
frear, acelerar ainda mais.
O relatório final da PF diverge das conclusões da investigação comandada pela Polícia Civil paulista, que em novembro
do ano passado indiciou 11 pessoas sob acusação de crime de
atentado contra a segurança de
transporte aéreo, cuja pena é de
até seis anos de detenção, equivalente à de um homicídio culposo (sem intenção de matar).
Entre os indiciados, estavam
dirigentes da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil) e da
Infraero à época do acidente,
além de funcionários da TAM.
Posteriormente, a 1ª Vara
Criminal do Fórum do Jabaquara resolveu retirar os indiciamentos sob o argumento de
que o caso estava sendo investigado pela PF, que seria o órgão
competente para realizar as
apurações, já que o atentado
contra a segurança de transporte aéreo é um crime federal.
Todo o caso está agora na 1ª
Vara da Justiça Federal Criminal. De posse do relatório da
PF, o Ministério Público Federal pode agora acatar as conclusões do inquérito ou então,
após novas diligências, denunciar eventuais responsáveis.
O fato de a PF não ter apontado responsáveis pela tragédia,
tornado público ontem pelo
jornal "O Estado de S. Paulo",
revoltou parentes das vítimas.
"Foi decepcionante. Passei o
dia chateado, falando com outros familiares de vítimas, sem
entender por que não se chegou
à mesma conclusão da Polícia
Civil", disse Eduardo Sato, 24,
que perdeu o irmão no acidente. "A corda sempre arrebenta
do lado mais fraco. Colocar
agora a culpa nos pilotos, que
nem estão aqui para se defender, é mais fácil", disse Sato.
O Ministério Público Federal
e a PF não se pronunciaram oficialmente, já que o caso corre
em segredo de Justiça.
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