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MENOS DINHEIRO
Denúncia foi feita pelo Conselho Nacional de Saúde
Governo é acusado de cortar verba do Ministério da Saúde
OSWALDO BUARIM JR.
da Sucursal de Brasília
MARCELO CORDEIRO
da Agência Folha
O governo retirou R$ 2,5 bilhões
do orçamento que deveria repassar ao Ministério da Saúde até terça-feira, 30 de setembro. A acusação é do Conselho Nacional de
Saúde, que encerrou ontem sua
70ª reunião ordinária.
O Conselho Nacional de Saúde é
um órgão consultivo vinculado ao
Ministério da Saúde e tem participação da sociedade civil.
De acordo com o relatório da comissão de acompanhamento orçamentário do conselho, que se reuniu na última segunda, o Ministério da Saúde recebeu, até 30 de setembro, R$ 13,1 bilhões, contra R$
10,9 bilhões no mesmo período de
1996. Como a receita da CPMF
(Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira) até o
final de setembro foi de R$ 4,7 bilhões, o Ministério da Saúde deveria ter recebido R$ 15,6 bilhões, diz
o conselho.
"Fica cada vez mais explícito o
fato de que a CPMF está sendo
substitutiva de outras fontes",
afirma o relatório.
A CPMF foi criada como fonte
adicional de recursos para a Saúde, após negociação pessoal do
ex-ministro Adib Jatene com o
Congresso.
O documento explica ainda que,
mesmo que seja deduzido R$ 1,2
bilhão do empréstimo do FAT
(Fundo de Amparo ao Trabalhador) para a Saúde no ano passado,
a defasagem ainda será de R$ 1,3
bilhão nos primeiros nove meses
do ano.
O conselho defende, entretanto,
que o desconto do empréstimo do
FAT não deve ser feito porque a
despesa do Ministério da Saúde
com pagamento de dívidas aumentou R$ 1,2 bilhão até setembro
em relação ao mesmo período de
1996.
A assessoria de imprensa do Ministério da Fazenda informou que
o ministro Pedro Malan só vai se
manifestar sobre o relatório do
Conselho Nacional de Saúde depois que tiver conhecimento oficial do documento.
A análise da execução orçamentária feita pelo conselho revela ainda que há grande número de programas do Ministério da Saúde
com "elevadíssimo" saldo orçamentário, ou seja, recursos não
utilizados na finalidade a que se
destinavam.
Até o final de agosto deveriam ter
sido gastos 66% do orçamento
previsto para não prejudicar a
continuidade dos programas, com
saldo de 33% para os últimos quatro meses do ano, diz o documento. Apesar disso, o Ministério da
Saúde fechou agosto, segundo o
conselho, tendo gasto apenas
3,89% dos recursos previstos para
investimentos do programa de
sangue e hemoderivados, 5,86%
para a vigilância sanitária e 11,9%
para o combate à dengue.
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