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SAÚDE
Principais programas do ministério foram interrompidos, afirma Carlini
Paralisia atinge Vigilância Sanitária, diz ex-secretário
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
O ex-secretário da Vigilância Sanitária Elisaldo Carlini disse ontem que a inspeção da qualidade
do sangue é apenas um dos programas interrompidos dentro do
Ministério da Saúde. "Os principais projetos e programas da vigilância estão paralisados e nenhum
novo foi iniciado", afirmou.
Entre os interrompidos ou engavetados estariam a transformação
da Vigilância numa agência "mais
ágil e menos burocrática", o treinamento e a profissionalização de
técnicos e os programas de inspeção de laboratórios e remédios.
Segundo Carlini, portarias que
tornavam mais rigorosas venda e
prescrição de medicamentos de
risco (como inibidores de apetite e
os retinóides, que podem causar
danos ao feto) foram suspensas.
Carlini, 67, ocupou a secretaria
nacional da Vigilância Sanitária de
janeiro de 95 a março de 97, indicado pelo então ministro Adib Jatene. Leia trechos da entrevista:
Folha - O senhor apoiou a indicação da atual secretária Marta Martinez. Agora, critica a sua gestão.
Elisaldo Carlini - - Todos que
acompanharam minha saída sabem que defendi seu nome junto
aos representantes das entidades,
aos funcionários e ao próprio ministro. Ela tinha a experiência para
fazer a vigilância sanitária que o
país precisa. Mas quando vi os
programas sendo interrompidos,
comecei a criticar essa paralisia.
Folha - O que parou?
Carlini - - Por exemplo, a transformação da vigilância numa
agência com autonomia e a agilidade que essa atividade requer. A
mudança já havia sido sugerida
pelo Conselho Nacional da Saúde,
em 1994 e era prioridade do ministro Jatene. Estava tudo pronto e
definido quando o ministro saiu.
Outro projeto parado foi o Sinarra, um sistema de controle de registro de reações adversas. Nessa
área, estamos 30 anos atrasados. A
minuta da portaria já estava pronta, os centros que fariam as coletas
estavam definidos, o presidente já
tinha acertado que a assinatura
ocorreria no Palácio do Planalto.
Folha - E o controle de medicamentos, foi interrompido?
Carlini - - Nós tínhamos criado
o Pniff, Programa Nacional de Inspeção da Indústria Farmacêutica e
Farmoquímica, um programa sofisticado, seguindo as normas da
Organização Mundial da Saúde e
aprovadas pelo Mercosul. Entre 95
e 96, fizemos 740 inspeções de laboratórios e 304 reinspeções. Em
30% deles havia alguma irregularidade, 80 laboratórios foram fechados para adaptações e 200 tiveram
o registro cancelado. Quando saímos, cerca de 100 laboratórios estavam fazendo as adaptações e
aguardando nova inspeção. Até
agora, as reinspeções não foram
feitas, prejudicando e desagradando os laboratórios.
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