São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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Aronson vai descansar no Guarujá, mas quer voltar ao trabalho logo

ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local

O empresário Girsz Aronson disse ontem à noite que irá hoje para o Guarujá (litoral paulista) para descansar, mas que pretende voltar a trabalhar na próxima segunda-feira, só que mais tarde: "Em vez de começar a trabalhar às 5h30, vou começar às 6h30."
Aronson disse que permanecerá no Guarujá até domingo. "Vou caminhar todos os dias para exercitar as pernas. Eu fui mantido em um cativeiro muito apertado."
"Por mim, voltaria a trabalhar amanhã (hoje), mas todo mundo disse que eu não deveria fazer isso", afirmou Aronson.
Ele classificou a data da sua libertação pelos sequestradores como "o dia mais feliz" da sua vida.
Quanto à sua recepção na loja matriz, no centro, por dezenas de pessoas, o empresários afirmou que foi a "maior ovação" que já recebeu.
"Todo mundo me beijou, me deu mil abraços. Fiquei muito agradecido", disse Aronson.
Após dar entrevista coletiva no escritório central da rede de eletrodomésticos, na rua Conselheiro Crispiniano, Aronson foi recebido por cerca de cem pessoas que aplaudiam e gritavam "viva".
O empresário contou que nos 14 dias de cativeiro "só conseguia ver a morte" em sua frente.
Apesar disso, ele disse que não pretende andar com seguranças. "Vão tirar mais o que de mim. Só tenho R$ 511,00 em caixa."

Festas judaicas
Aronson disse que não lhe provocou maior sofrimento ter ficado longe da família em um período quando foram comemoradas duas importantes festas judaicas: Rosh Hashaná (Ano Novo) e Yom Kippur (Dia do Perdão).
"Isso não foi um fator de maior sofrimento para mim. Sou casado com uma católica. Eu acredito em todos dos deuses."
Girsz Aronson disse que teve de segurar um fuzil AR-15 para que os sequestradores tirassem uma foto, para provar que o empresário estava vivo. "Foi difícil segurar aquilo. É muito pesado. Não tenho mais idade para isso."
Ele contou que almoçou ontem carne, massa, sopa e bebeu coca-cola. "Foi a refeição mais gostosa da minha vida."
À tarde descansou com os familiares e atendeu a telefonemas.



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