São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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A INVESTIGAÇÃO
Também será feito o retrato de homem que Aronson diz ser parecido com um boxeador italiano
Polícia já tem retrato falado de suspeitos

CRISPIM ALVES
da Reportagem Local

A Deas (Delegacia Especializada Anti-Sequestro), da Polícia Civil de São Paulo, já tem o retrato falado de pelo menos dois dos três homens que levaram o empresário Girsz Aronson na manhã do dia 17 de setembro.
No dia do sequestro, a Folha viu um desses retratos. Trata-se de um rapaz branco, pouco menos de 30 anos, cabelos lisos e claros, partidos de lado. Os retratos foram feitos com base na descrição passada à polícia por seguranças que trabalham na rua Conselheiro Crispiniano durante a madrugada.
Um deles, que se identificou apenas como Gil, afirmou ter visto tudo o que houve do lado de fora da G. Aronson. Ele declarou que dois dos sequestradores passaram em frente à loja pelo menos três vezes durante a madrugada. Foi Gil quem acionou a Polícia Militar logo após o sequestro.
Ontem pela manhã, o delegado Maurício Guimarães Soares, titular da Deas, confirmou a existência dos retratos falados, mas ele não quis revelar quantos foram feitos nem divulgá-los. "Ainda não é o momento para divulgar. Estamos começando a investigação agora", declarou.
Além das descrições feitas pelos seguranças, a polícia deverá fazer também um retrato falado do homem que Aronson diz ser parecido com Primo Carmela (boxeador italiano que foi campeão mundial dos pesos-pesados em 1933).
"Alguém alguma vez ouviu falar de Primo Carmela, que foi campeão de boxe da Itália? Então, era um desse tipo, eu acho que tinha uns dois metros e tanto. Só de olhar o tamanho dele apavorava", disse Aronson, por volta das 11h.
Soares afirmou que os investigadores da Deas levantaram uma lista de suspeitos desde o início do caso. Apesar de a família ter pedido afastamento da polícia, a Deas trabalhou por fora.
O leque de suspeitos, de acordo com o delegado, é grande. Vai de ex-funcionários do empresário ("é sempre uma linha de investigação em um caso como esse", disse Soares) a policiais ou ex-policiais ("é uma hipótese que sempre se levanta, mas, nesse caso, é muita especulação"). Ex-sequestradores ou sequestradores reincidentes também estão na lista.
O delegado declarou que não vai detalhar como serão as investigações. "Não vou ficar ensinando os criminosos." Soares não descarta que mais de três pessoas tenham participado do sequestro.
Segundo o delegado, era quase certo que Aronson seria solto antes das eleições. "É um período que desvia as atenções." Inicialmente, a polícia suspeitava que a libertação ocorreria no domingo.



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