São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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VIOLÊNCIA
Assaltantes renderam mais de 30 pessoas, entre funcionários e clientes do mercado Rei do Pão, em São Paulo
PMs matam trio após assalto em mercado

MARCELO OLIVEIRA
da Reportagem Local

Três assaltantes não identificados foram mortos às 21h30 de anteontem após troca de tiros com seis policiais militares.
Eles haviam rendido funcionários e clientes de um mercado na Vila Rosária, zona leste de São Paulo.
Ao todo, os PMs efetuaram pelo menos 20 disparos contra os acusados, que foram baleados quando estavam na dispensa de farinha da padaria que funciona no mercado, uma sala pequena da qual eles só poderiam escapar pelo telhado. Os assaltantes teriam dado, segundo a polícia, 13 tiros.
Os três desconhecidos, que aparentavam ter entre 18 e 20 anos de idade, entraram no mercadinho Rei do Pão, que tem padaria e pizzaria, e renderam o gerente Romário Macedo do Nascimento, 30, e anunciaram assalto.
Armados com dois revólveres e uma pistola semi-automática 380, renderam mais de 30 pessoas, entre funcionários e fregueses.
A maioria dos reféns foi trancada em dois banheiros. Algumas pessoas ficaram entre as prateleiras, os fornos da padaria e a pizzaria, sob a mira dos assaltantes.
O padeiro Luís Angelo de Jesus, 49, foi arrancado de um dos banheiros e levado para o caixa, para dizer onde o gerente costumava guardar o dinheiro.

Balconistas
Segundo testemunhas, para não chamar a atenção dos fregueses que entravam no mercado, os assaltantes se passaram por balconistas e caixas, atendendo a todos.
Um freguês, que estava em um carro em frente ao mercado, foi quem avisou a PM, pelo celular, de que estaria ocorrendo um assalto no Rei do Pão.
Os PMs afirmam que foram recebidos a tiros assim que entraram na loja e revidaram os disparos.
Em seguida, os ladrões correram para os fundos da padaria do mercado e se refugiaram no depósito de farinha. Os acusados teriam atirado novamente. Os PMs teriam revidado e ferido os assaltantes, que morreram a caminho do Hospital Tide Setúbal.

Delegado
O delegado Ari Carlos de Barros Junior, que estava de plantão no 22º DP (São Miguel Paulista), onde foi registrado o caso, foi ao necrotério do Tide Setúbal e viu os corpos dos assaltantes, que tinham marcas de tiros em regiões vitais (peito e cabeça).
Por cautela, o delegado pediu exames residuográficos das mãos dos cadáveres e dos policiais militares. Todas as nove armas usadas (seis dos policiais e três dos mortos) foram apreendidas.

Afastados
Um funcionário do mercado, ouvido pela Folha, disse que os disparos ocorreram quando fregueses e funcionários estavam trancados nos banheiros da loja e que ninguém teria visto o tiroteio, só ouvido o barulho dos disparos.
Segundo o Setor de Comunicação Social da PM, os seis policiais militares que participaram do tiroteio devem ser afastados de suas funções atuais por pelo menos dois meses.
Durante o afastamento, os seis policiais militares deverão participar do Proar (Programa de Acompanhamento a Policiais Militares Envolvidos em Ocorrências de Alto Risco).



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