São Paulo, sexta, 2 de outubro de 1998

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Testemunha de violência da PM de SP terá proteção para depor

da Reportagem Local

O músico Silvio Calixto Lemos, testemunha dos crimes cometidos por PMs na favela Naval, em Diadema (Grande SP), em março de 97, terá proteção policial para depor no julgamento do PM Otavio Lourenço Gambra, o Rambo, acusado de dar o tiro que matou o conferente Mário José Josino.
O pedido foi feito pelo ex-promotor de Diadema, José Carlos Guillem Blat, responsável pela acusação. Hoje no Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), do Ministério Público de São Paulo, o promotor foi até a casa do músico que afirmou ter sido ameaçado.
Segundo Blat, Lemos relatou que foi ameaçado anteontem em São Bernardo, onde mora, por dois homens que estavam no interior de um Verona branco, cujas placas não foram anotadas.
Segundo Lemos relatou, este mesmo carro foi visto por ele rondando sua casa anteontem. Depois, quando o músico caminhava por uma avenida movimentada próxima, aconteceu a ameaça.
"Eles disseram para ele: "Veja lá o que você vai dizer na terça-feira" (quando está previsto o julgamento de Gambra)", disse Blat.
Após reunião com o advogado de Lemos, Antônio Carlos Cristiano, e com o próprio músico, Blat acertou as condições para a proteção policial à testemunha, que teria afirmado estar com medo de ir depor e ameaçava desistir de dar o testemunho. Segundo o promotor, Lemos pediu proteção também para depois do julgamento.
Nas imagens gravadas na favela, Lemos aparece sendo espancado a golpes de cassetete por PMs.
Depois é arrastado para trás de uma parede pelo PM Nélson Soares da Silva Júnior, que atirou em sua direção.
O músico seria, segundo Blat, a principal testemunha de acusação. "Se ele não for não tem julgamento", disse. (MO)


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