da Reportagem Local

O juiz Francisco Peret Filho, da 2ª Vara Criminal Central, recebeu ontem denúncia contra dois diretores da Schering do Brasil por causa do episódio da Microvlar inócua que chegou ao mercado. Isso quer dizer que foi aberto processo criminal contra o diretor-presidente da Schering, Rainer Bitzer, e o diretor-industrial, Valter Frederico Schenck.
O laboratório produziu cerca de duas toneladas de pílulas inócuas (sem efeito) da Microvlar para serem usadas em teste de nova máquina de embalagem, mas parte delas chegou ao mercado após suposto roubo de mercadoria.
O processo foi aberto dois meses depois de o promotor Pedro Manuel Ramos denunciar os diretores, alegando que houve negligência desde a fabricação até a destruição dos placebos. Também afirmou que a empresa foi omissa quanto à divulgação do problema, já que a Schering levou um mês para comunicar que havia pílula de farinha no mercado para a polícia e Vigilância Sanitária.
Segundo José Carlos Dias, um dos advogados da Schering, a abertura do processo já era esperada. "Agora será apurada com mais calma a responsabilidade das pessoas nesse caso", disse.
"A polícia não descobriu quem colocou as pílulas no mercado, mas isso não quer dizer que os culpados são os diretores." Os diretores serão interrogados em novembro.
A abertura do processo ocorreu após a Schering ter se recusado a fazer acordo com a promotoria sobre indenizações às vítimas da Microvlar. Segundo o promotor Ramos, foi proposta a suspensão condicional do processo (que é permitida pela lei 9.090/95) por dois anos mediante indenização, mas a Schering não aceitou.
Segundo Dias, os dois diretores não podem se responsabilizar pelas indenizações, conforme previa o acordo. "É a empresa, como figura jurídica, que tem que se responsabilizar, e não os diretores."
A Justiça deverá analisar cada ação movida pelas grávidas para determinar quem receberá a indenização e qual será o valor. (CC)



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice