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POLÊMICA
O "Programa do Ratinho" exibiu através de um biombo a menina C.B.S., 10, que foi estuprada e está grávida
SBT pode ter de pagar multa de R$ 1 milhão
MALU GASPAR
da Reportagem Local
O SBT poderá ter de pagar R$ 1
milhão de multa à Justiça por ter
exibido a menina C.B.S, 10, e seus
pais no "Programa do Ratinho"
de anteontem à noite.
Ontem, o promotor Maurício
Ribeiro Lopes fez um pedido ao
juiz da Vara da Infância e da Juventude de Pinheiros para que determine que a emissora deposite a
quantia em juízo até o fim do processo contra o programa.
Anteontem, esse juiz havia conseguido decisão judicial que impedia que C., seus pais e a advogada
aparecessem no programa do SBT
para falar sobre o caso da menina.
C.B.S, que mora em Israelândia,
no interior de Goiás, está em São
Paulo fazendo exames que devem
concluir quais os riscos à sua saúde, em caso de aborto ou de continuação da gravidez.
Ela foi estuprada seguidamente
desde os 7 anos. Quando a gravidez é fruto de estupro, a lei brasileira garante o direito ao aborto.
A viagem da menina e de sua família a São Paulo foi paga pela
produção do "Programa do Ratinho". O diretor do programa,
Américo Ribeiro, disse que exibiu
C. com o aval do departamento jurídico da emissora e com alvará do
juiz da Vara da Infância e Juventude de Osasco (Grande São Paulo).
O juiz de Osasco, Renato Genzani Filho, disse que autorizou a exposição de C. desde que ela não
fosse exposta a constrangimento.
No programa, C. apareceu atrás de
um biombo e praticamente não falou durante cerca de uma hora.
"Como mostrar na TV uma menina de 10 anos grávida, que foi estuprada e quer abortar sem constrangimento? Isso violou o Estatuto da Criança e do Adolescente",
disse o promotor.
Segundo o advogado Jairo Fonseca, que participou da elaboração
do Estatuto, a decisão do juiz de
Pinheiros tem primazia sobre a do
de Osasco. A primeira é específica
para o caso de C., enquanto a segunda é um alvará para exibição
de outras crianças além dela.
Para o diretor do "Programa do
Ratinho" , o Estatuto não foi violado. "Estamos fazendo a mesma
coisa que toda a imprensa. Por que
acham que temos de ser diferentes?", disse Ribeiro.
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