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Pelo menos 3 empresas desistem de convênios com ONG do padre Júlio
Desistência ocorreu após divulgação do caso; acordos somavam R$ 16 mil ao mês
DA REPORTAGEM LOCAL
Pelo menos três empresas
desistiram de firmar convênios
para repasse de recursos ao
Centro Social Nossa Senhora
do Bom Parto desde a divulgação do caso de extorsão contra
o padre Júlio Lancelotti, 58.
A informação foi dada ontem
pela presidente do centro, a irmã Judith Elisa Lupo, 67. O religioso é conselheiro do centro.
Esses três apoiadores, diz a
irmã, doariam cerca de R$ 16
mil ao mês. Ela não quis informar o nome das empresas. A
despesa anual do centro é de R$
1,1 milhão.
O centro reúne 58 entidades
assistenciais, das quais duas -a
Casa Vida 1 e a Casa Vida 2-
são dirigidas pelo padre Júlio e
acolhem crianças abandonadas
portadoras do vírus HIV.
"Teve gente que contribuía e
deixou [de doar]. Algumas pessoas estão acreditando nessas
calúnias", disse a irmã ontem,
durante um ato público em
apoio ao religioso realizado na
frente da casa dele.
O padre procurou a polícia
em agosto para denunciar o ex-interno da Febem (atual Fundação Casa) Anderson Marcos
Batista, 25, por extorsão.
O religioso relatou à polícia
que repassou dinheiro -cerca
de R$ 150 mil, segundo cálculos
de seu advogado- a Batista
após receber ameaças de agressão física e de uma falsa denúncia de pedofilia. Esse dinheiro,
segundo o religioso relatou à
polícia, veio de economias suas
e de empréstimos de amigos.
Após ser preso, Batista alegou à polícia que manteve um
relacionamento homossexual
com o padre por cerca de oito
anos em troca de dinheiro. Disse ter recebido entre R$ 600
mil e R$ 700 mil em seis anos.
No último sábado, o advogado de Lancelotti, o ex-deputado
petista Luiz Eduardo Greenhalgh, rebateu a afirmação de
Batista dizendo que o padre é
vítima e inocente.
A polícia abriu dois inquéritos: um para apurar a denúncia
de extorsão -quatro acusados,
entre eles Batista, estão presos- e outro para investigar
uma denúncia contra o padre
de corrupção de menor.
"O padre é bom captador de
recursos, mas essa história
comprometeu a imagem. Antes, bastava ele ir à TV que choviam donativos", disse a irmã.
A Ouvidoria das Polícias vai
pedir à Corregedoria da Polícia
Civil que investigue o suposto
vazamento de informações do
inquérito envolvendo o padre.
(KLEBER TOMAZ E ROGÉRIO PAGNAN)
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