São Paulo, segunda, 2 de novembro de 1998

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EDUCAÇÃO
Senai-SP flexibiliza cursos para acompanhar mercado

FERNANDO ROSSETTI
da Reportagem Local

O Senai-SP (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial de São Paulo) está em plena reformulação de seus cursos, para se adaptar às rápidas mudanças que vêm -e deverão continuar- ocorrendo no mundo do trabalho.
Tido como modelo de ensino técnico para toda a América Latina desde a década de 40 (leia texto abaixo), o Senai agora procura incorporar alguns dos conceitos-chave que norteiam esse tipo de trabalho nos países ditos desenvolvidos: flexibilidade dos cursos, adequação às necessidades dos alunos, mais proximidade com o mercado de trabalho.
"A gente tem problemas que se originam da nossa própria virtude", diz o diretor Regional do Senai-SP, Fabio Luiz Marinho Aidar.
A "virtude", no caso, é oferecer um conjunto de cursos técnicos já bem estruturados e sólidos. O problema é que com as mudanças no mundo do trabalho, esses cursos começam a ficar "pesados" e, por vezes, defasados.
"A reformulação envolve uma flexibilização dos cursos, mas também temos que tomar cuidado, porque muita flexibilidade pode levar à dispersão, à superficialidade". diz Aidar.
O melhor exemplo das mudanças que estão ocorrendo no Senai-SP é o Centro Nacional de Tecnologia em Automobilística, no Ipiranga (zona sul de São Paulo).
Era uma escola conhecida por formar torneiros mecânicos -técnicos que dominam a arte de fazer peças para máquinas.
"Houve uma diminuição muito grande dos postos de trabalho nessa área", diz o diretor de Educação do Senai-SP Milton Gava. "Hoje na indústria automobilística temos máquinas informatizadas, que dispensam esse tipo de profissional."
O resultado é que o centro tem hoje uma pequena área para a formação de torneiros mecânicos e uma série de novas atividades.
A que mais chama a atenção é um conjunto de seis parcerias com indústrias automobilísticas instaladas no país ou não.
Seis meses antes de lançarem um novo veículo na praça, essas indústrias enviam um exemplar à escola, que se encarrega de treinar mecânicos independentes ou da rede autorizada de concessionárias para lidar com esse modelo.
O próprio currículo foi reformulado. Incorporou outra idéia hoje muito em voga na área curricular, que são os módulos. A grade curricular é formada por uma série de habilidades e conhecimentos que o aluno deve ter. Alguns são pré-requisitos para outros. Mas cada um constitui um módulo.
Por exemplo, um aluno pode dominar a área de injeção eletrônica, mas precisa de mais conhecimento em informática.
Com essa "flexibilização", o aluno "monta" seu curso incorporando apenas os módulos de conhecimentos e habilidades que precisa aprender.



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