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OPINIÃO
Educação e desenvolvimento
ELLIS WAYNE BROWN
A integração entre universidade
e empresa é um fator de importância fundamental no desenvolvimento socioeconômico do país.
Ela não só deve fornecer quadros
funcionais capacitados como também contribuir para o aumento da
competitividade, por meio de programas conjuntos de desenvolvimento tecnológico. O produto social do desenvolvimento competitivo reflete-se, em última análise,
na elevação da oferta de trabalho e
da qualidade de vida dos cidadãos.
Existe hoje uma tendência de flexibilização curricular por parte do
Ministério da Educação. Ela deverá permitir aproximação maior
entre os cursos universitários e a
configuração do mercado de trabalho. Qualidade na educação não
se define só por qualificação e dedicação dos docentes; inclui a adequação dos conteúdos programáticos a objetivos funcionais significativos e claramente definidos.
Se a flexibilização curricular não
ocorrer, os cursos de graduação
continuarão engessados a exigências determinadas por comissões
de especialistas do MEC, inviabilizando, com isso, parcerias com
setores empresariais para o desenvolvimento de cursos efetivamente dirigidos às suas necessidades.
Isso seria lamentável para as empresas e para os egressos dos cursos. Hoje, os currículos de graduação levam à formação de generalistas, que entendem quase nada
de quase tudo e precisam buscar
na pós-graduação uma especialização. O desejável seria uma graduação específica, dirigida à profissionalização e a empregabilidade imediata, e uma pós mais
abrangente, multidisciplinar e
analítica (como os MBAs), voltada
ao desenvolvimento de carreira.
Mesmo assim, a dinâmica na geração do conhecimento exige dos
profissionais atualização constante. As áreas de ponta se obsoletizam em ciclos cada vez mais curtos, e os desafios da administração
são renovados a cada dia. Isso demanda da educação uma rapidez
de resposta cada vez maior.
Estamos na era da globalização
do conhecimento e das oportunidades competitivas, que introduz
a necessidade imperiosa da educação continuada, mesmo na modalidade "just in time". Desponta
nesse cenário a educação à distância, com recursos da Internet, da
videoconferência e da simulação
virtual, hoje bastante acessíveis.
A reserva de mercado da legislação e o corporativismo que ronda
as comissões de especialistas podem, ainda por algum tempo, bloquear o ingresso das universidades estrangeiras na área dos cursos
que conferem titulação acadêmica; mas na área da educação continuada não existem barreiras.
Para atender a esse momento, as
universidades e as empresas necessitam trabalhar juntas. A busca
pela educação não pode ficar relegada às iniciativas individuais de
cada profissional, assim como a
pesquisa e o desenvolvimento tecnológico não podem ser tratados
como responsabilidade isolada de
cada empresa dentro de um projeto de desenvolvimento nacional.
As empresas nacionais não têm
economia de escala para investir
nessa área; com isso, nunca ingressarão num padrão de competitividade global e o país nunca
sairá do subdesenvolvimento.
As universidades públicas investem somas consideráveis em pesquisas, mais voltadas, contudo, à
retroalimentação acadêmica do
que ao desenvolvimento socioeconômico objetivo. As universidades
privadas, muito recentes, buscam
ainda a consolidação de seus modelos organizacionais de pesquisa.
Para gerar a aproximação de
universidade e empresa no campo
da pesquisa, seria conveniente a
formulação de uma política objetiva por parte das agências de fomento do governo, que priorizasse, neste momento, os investimentos dirigidos ao desenvolvimento socioeconômico.
Existe uma nítida percepção das
áreas críticas e das oportunidades
na integração universidade/empresa, mas creio que faltam ainda
interlocutores qualificados e politicamente motivados entre as partes envolvidas para concretizá-la.
O pior pecado é o da omissão.
Ellis Wayne Brown, 48, mestre em comunicação social, é pró-reitor de planejamento da Uniban (Universidade Bandeirante de São Paulo)
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