|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
SAÚDE
Hospital carioca, ligado à UFRJ, tem índice de contaminação pela doença dez vezes maior que a média nacional
Hospital tem risco maior
de tuberculose
FERNANDA DA ESCÓSSIA
da Sucursal do Rio
Um estudo realizado no HUCFF
(Hospital Universitário Clementino Fraga Filho), ligado à Universidade Federal do Rio de Janeiro,
mostra que o risco de contaminação por tuberculose entre seus
funcionários é dez vezes maior
que a média nacional.
Entre funcionários do hospital, a
taxa de infecção é de 8,2%. O índice nacional de contaminação é de
0,8%. Em países africanos com alta incidência de tuberculose, como Uganda, Zaire e Tanzânia, a
taxa de infecção é de 2,5%.
Tomados isoladamente, médicos, enfermeiros e profissionais de
saúde enfrentam risco ainda
maior: 14%. Técnicos de laboratório têm risco de 10%, e funcionários administrativos, 0,9%. O risco
também varia de acordo com o local de trabalho: entre profissionais
que trabalham em emergências,
por exemplo, chegou a 20%.
O pneumologista Afranio Kritski, autor do estudo, diz que os resultados são a amostra de um problema que começa a chegar aos
centros urbanos brasileiros: a
transmissão institucional da
doença, que ocorre dentro de hospitais, presídios e asilos.
Causada por um bacilo, a tuberculose se transmite pelas vias respiratórias. Uma pessoa com tuberculose não diagnosticada está
transmitindo a doença.
"A transmissão institucional
não é um problema específico do
nosso hospital. Ela acontece porque os hospitais gerais não têm
programas contra a doença. A situação está fora de controle",
afirma Kritski, que implantou no
HUCFF o Programa de Controle
de Tuberculose Hospitalar.
A Aids provocou um recrudescimento da tuberculose no mundo,
porque as pessoas com HIV têm a
imunidade reduzida e contraem a
doença mais facilmente.
Para calcular o risco de tuberculose no hospital da UFRJ, Kritski
realizou em 1.200 funcionários o
teste de PPD- que detecta se a
pessoa foi ou não contaminada
pelo bacilo. Os exames foram feitos em 96 e repetidos em 97. Dos
600 funcionários que tiveram PPD
negativo em 96, 8,2% estavam
contaminados no ano seguinte.
Outro perigo para quem trabalha em hospitais é a tuberculose
multirresistente -mais grave e de
tratamento mais difícil.
Exames realizados com 5.000 pacientes sem HIV, indicaram um
índice de apenas 0,9% de resistência à combinação de rifampicina e
isoniazida, usada no combate à tuberculose, mas nos doentes de
Aids, a resistência chega à 7%.
Kritski diz que o programa de
combate à tuberculose lançado
pelo governo federal não está contemplando a transmissão institucional da doença. "Até 96, 30%
dos casos de tuberculose no Rio
estavam em hospitais, e o governo
precisa ver isso", afirma.
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
|