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Apuração política cassou 3 e livrou 8
da Reportagem Local
Além da polícia e dos promotores, também os vereadores e deputados investigaram a atuação
da máfia da propina em SP. Tanto
na Câmara quanto na Assembléia, essa "investigação política"
já acabou. E sem atingir seu principal objetivo: cassar os mandatos
de todos os vereadores acusados
de envolvimento com corrupção.
Em três meses de investigação, a
CPI criada na Câmara julgou apenas três vereadores. Dois deles foram cassados: Vicente Viscome e
Maeli Vergniano. Hanna Garib,
que se elegera deputado estadual,
acabou cassado pela Assembléia.
Outro vereador denunciado pela CPI, José Izar (PST), foi a julgamento, mas conseguiu preservar
o mandato após fazer um discurso intimidando os colegas parlamentares. O momento decisivo
para a absolvição, na opinião dos
vereadores, foi quando Izar afirmou ter "35 colegas" nas mãos.
Mas outros oito vereadores acusados nem sequer foram investigados, apesar de serem alvo da
Polícia Civil e do Ministério Público. Continuam dando expediente na Câmara Municipal.
Dois deles, Paulo Roberto Faria
Lima (PMDB) e Maria Helena
Fontes (PL), já foram denunciados à Justiça e, se condenados, podem viver a inusitada situação de
passarem as noites na cadeia e saírem durante o dia para participar
das sessões da Câmara.
É a mesma situação pela qual
passou Vicente Viscome, preso
no final de março e cassado apenas quatro meses depois.
Viscome continua na cadeia. Na
cela ao lado, estão o estudante de
medicina Mateus da Costa Meira,
que matou três pessoas em um cinema no MorumbiShopping, e o
ex-interno da Febem F.A.C., acusado de ter decapitado um adolescente durante uma rebelião.
"A CPI só conseguiu apurar 3%
das denúncias envolvendo vereadores. Se não tivesse sido arquivada, a investigação atingiria o PAS
e envolveria vários outros parlamentares", afirmou Dalton Silvano (PSDB), um dos membros da
extinta CPI da máfia.
E foram justamente os vereadores investigados que enterraram a
CPI e impediram a prorrogação
da investigação por mais 90 dias.
Em uma manobra armada por
Wadih Mutran (PPB), 29 vereadores aprovaram a ampliação da
CPI por apenas três dias, tornando impossível uma prorrogação
maior. A manobra contou com o
voto de 13 vereadores envolvidos
em denúncias.
Mesmo após o fim da CPI, ocorreram novas tentativas de cassar
mandatos de parlamentares acusados de cometer irregularidades.
Mas o plenário voltou a impedir
investigações, barrando a abertura de comissões processantes
contra Faria Lima, Maria Helena,
Ana Maria Quadros (PSDB) e Arselino Tatto (PT).
A última tentativa foi obra do
Ministério Público, que pediu à
Justiça o afastamento de Dito Salim (PPB) do Legislativo, pois ele
poderia intimidar testemunhas.
Mas a Justiça negou o pedido e Salim provavelmente continuará
como vereador por mais um ano.
Se depender do Ministério Público, outros vereadores podem
ficar sem mandato. "Até o final do
ano, surgirão novidades e vereadores poderão ser afastados",
afirma o promotor José Carlos
Blat, que deve promover ações semelhantes à movida contra Salim.
Para o vereador José Eduardo
Cardozo (PT), é a única chance de
punições. "Se depender da Câmara, ninguém mais será punido. O
corporativismo é grande."
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