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Polícia Civil e promotores abrem novas investigações
da Reportagem Local
Um ano após a primeira denúncia de cobrança de propina na administração municipal paulistana, a prisão de um funcionário da
Administração Regional de Santo
Amaro comprova que o esquema
continua funcionando, mesmo
após mais de cem prisões ocorridas no período.
O funcionário Sérgio de Lima
Pontes, 57, foi preso na quarta-feira passada sob acusação de cobrar R$ 150 de propina de um desempregado para facilitar processo de isenção de IPTU.
Pontes trabalhava no Núcleo de
Atendimento ao Público e, segundo o Ministério Público, era indicado pelo próprio administrador
regional como o funcionário responsável para dar "um jeitinho"
em processos pendentes.
"A prisão do funcionário de
Santo Amaro mostra que o esquema deu uma pausa, se sofisticou e
voltou a atuar na arrecadação de
propina", afirmou o promotor José Carlos Blat.
Esse foi o segundo inquérito
aberto para investigar irregularidades na Administração Regional
de Santo Amaro. Até agora, as denúncias não atingiram o vereador
Milton Leite (PMDB), que controlava a regional.
Além de Santo Amaro, o Ministério Público abriu na semana
passada outra frente de investigação, envolvendo a venda ilegal de
concessões de lotação.
O promotor acredita que haja
participação de funcionários da
Secretaria Municipal dos Transportes no esquema, denunciado
por perueiros prejudicados.
Com esses dois, o total de inquéritos abertos para investigar a
máfia da propina chega a 88. Desses, apenas 11 foram concluídos.
Balanço da polícia, do Ministério
Público e do Tribunal de Justiça
aponta que, até agora, mais de 100
pessoas foram presas e cerca de
200, indiciadas. Quatro pessoas
que tiveram prisão preventiva decretada continuam foragidas.
Dos 88 inquéritos, o que investiga as lotações é o único envolvendo uma secretaria municipal. A
maioria envolve administrações
regionais e autarquias municipais, como Prodam e Anhembi.
As primeiras são investigadas por
cobrança de propina. As autarquias, por contratação irregular
de funcionários.
Os 11 inquéritos concluídos foram enviados ao Fórum Criminal
de São Paulo, que já instaurou seis
ações penais. Nas ações, há 39
acusados por formação de quadrilha e concussão (extorsão praticada por funcionário público).
Apenas uma ação já chegou ao
final, com a condenação de Marco Antonio Zeppini, fiscal que
deu origem à investigação, a cinco
anos de prisão.
Outro caso próximo do fim é a
ação sobre a Administração Regional da Penha. Os 20 réus, entre
eles o ex-vereador Vicente Viscome, devem conhecer suas sentenças até o final do ano.
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