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MÁFIA DA REFORMA
Gasto ilegal seria de R$ 180 mi
Promotoria contesta edital das reformas
SÍLVIA CORRÊA
da Reportagem Local
O Ministério Público entrou ontem com uma ação civil pedindo à
Justiça a anulação do edital que há
quase dois anos permite à Prefeitura de São Paulo contratar "serviços gerais de manutenção" fazendo só uma consulta de preços.
Segundo a promotoria, a prefeitura distorceu o objeto do edital e
usou as atas de registro de preço
para contratar obras de mais de
R$ 1 milhão em cemitérios, escolas, centros esportivos etc.
O edital foi publicado em janeiro de 98 pelo Demat (Departamento de Materiais), órgão ligado
à Secretaria da Administração.
Desde então, segundo o Ministério Público, foram gastos R$ 180
milhões em obras sem licitação.
A intenção do Ministério Público é anular o edital para investigar
os contratos. A promotoria diz ter
indícios de que eles foram superfaturados e dirigidos de forma a
favorecer empresários ligados politicamente ao governo. Seis empreiteiras concentram quase a
metade das obras sob suspeita.
"Se conseguirmos declarar nulo
o edital, teremos dado um grande
passo para pedir a devolução do
dinheiro aos cofres públicos", disse o promotor Fernando Capez,
que assina a ação.
Os contratos mais caros serão
os primeiros a ser investigados.
Estão entre eles a reforma do Estádio do Pacaembu, que consumiu R$ 1,6 milhão, e os "reparos"
feitos em dois centros esportivos,
que custaram R$ 3,2 milhões.
Pelo sistema de registro de preços, o município abre a concorrência para determinada compra,
recebe as propostas e cria uma lista com as empresas que ofereceram os melhores preços.
O registro vale por um ano. Nesse período, os órgãos da administração podem contratar sem licitação as empresas que figuram
nos registros de preço para o fim
previsto no edital.
Para a promotoria, no entanto,
a Lei das Licitações só permite
que o registro de preços seja adotado para compras cujos objetos
são produtos de consumo frequente, não podendo ser estendido para serviços e obras.
"Eles podiam trocar telhas e fechaduras sem licitação, porque isso pode ser estimado unitariamente. A padronização por unidade, que não é possível em
obras, é fundamental para o registro de preços. Por isso eles não
poderiam construir piscinas e
muro de arrimo. Para isso é necessário licitação", diz Capez.
O secretário de Comunicação
Social, Antenor Braido, disse que
"a prefeitura tem outra intrepretação da lei", amparada em parecer do TCM (Tribunal de Contas
do Município). O TCM não confirmou ter emitido tal parecer.
"Isso é feito há muito tempo. O
edital do ano passado só renovou
as atas de preço", disse Braido. "A
legislação federal traz normas gerais. A prefeitura adequa as normas, faz desdobramentos."
Para o promotor, porém, o município está querendo sobrepor a
legislação local à legislação federal, o que é inconstituicional.
De acordo com Braido, o município investigou a Secretaria da a
Administração e nenhuma irregularidade foi comprovada.
"Temos 121 atas de serviços e
350 de mercadorias. São 90 volumes, 27 mil páginas cuidadosamente analisados."
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