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Di Genio transformou Unip em potência
DA SUCURSAL DO RIO
João Carlos di Genio, 62, dono
da Unip, é citado pelos amigos como um educador que, com seu toque de Midas e pensamento inovador, transformou um curso
pré-vestibular montado há 35
anos no bairro da Liberdade, em
São Paulo, no maior complexo
educacional do país.
Para os inimigos, é um empresário que teria usado sua ligação
com pessoas no poder para obter
benefícios e prejudicar a concorrência, chegando a interferir, por
exemplo, em decisões recentes do
CNE (Conselho Nacional de Educação) a favor da Unip. Yugo Okida, sócio de Di Genio e vice-reitor
da Unip, é conselheiro do CNE.
Di Genio nunca escondeu as
amizades com políticos influentes. Era amigo do deputado Ulysses Guimarães, foi padrinho de
casamento de duas filhas do deputado Luís Eduardo Magalhães e
tem ótimas relações com o ex-senador Antonio Carlos Magalhães,
estreitadas, segundo ele, após a
morte de Luís Eduardo. Ele também é lembrado por parlamentares por ter dado emprego a perseguidos pelo regime militar.
Segundo o empresário, seu envolvimento com Ulysses se intensificou quando um dos netos do
então deputado tornou-se aluno
de uma das escolas de Di Genio.
"Quando se fala em ligação política, alguns se esquecem de que os
políticos também têm família, filhos que estudam, e assim por
diante. O deputado Luís Eduardo
Magalhães também tinha um filho em nossa escola", afirmou Di
Genio. Ele ressaltou que nunca se
aproveitou de sua ligação com
políticos para obter benefícios para suas escolas.
Não é o que pensam seus adversários. Depois de uma decisão do
Conselho Nacional de Educação
que vetou a instalação de um
campus da Uniban (Universidade
Bandeirante de São Paulo) em
Osasco (região metropolitana de
São Paulo), esta universidade acusou Di Genio de ter usado sua influência no conselho para impedir a concorrência.
Mais tarde, a Uniban acabou
conseguindo na Justiça autorização para que o campus de Osasco
pudesse funcionar.
O dono da Unip nega as acusações. Primeiro, afirma que a Unip
nunca foi concorrente da Uniban.
Segundo, diz que as decisões do
conselho contra a Uniban foram
tomadas por unanimidade e propostas pela ex-conselheira Eunice
Durham, e não por Okida.
Por último, afirma que seu vice-reitor integra o CNE por ter sido
indicado por nove instituições.
Entre elas está a Anup (Associação Nacional de Universidades
Particulares), mas a maioria não é
ligada ao ensino particular.
O império educacional de Di
Genio teve início há 35 anos,
quando ele e três sócios (Drauzio
Varella, Tadasi Ito e Roger Patti)
abriram um curso de preparação
para o vestibular de medicina. Seu
pai, o italiano Carmine di Genio,
foi contra a idéia, pois preferia o
filho seguindo a carreira de cientista na área médica.
O cursinho deu impulso ao
crescimento da rede de escolas
Objetivo. A partir dessa base, segundo o empresário, ficou mais
fácil montar, em pouco tempo, a
maior universidade do país.
"Os campi da Unip foram sempre criados em locais em que o colégio e o curso já estavam instalados havia pelo menos dez anos.
Os pais, com receio de que seus filhos fossem estudar em outras cidades, acabaram nos incentivando a instalar os novos campi."
O próximo censo do Ministério
da Educação, referente às matrículas de 2001, deve mostrar um
crescimento ainda maior da
Unip. Segundo Di Genio, a universidade chegou neste ano a 78
mil alunos na graduação e cerca
de 4.000 professores, o que dá
uma média de 19,5 alunos por
professor. Pelo censo de 2000, a
universidade tinha 66.268 estudantes no ano passado.
Ele afirma, no entanto, que não
há previsão de mais crescimento.
"Abrir mais vagas, no ensino superior particular, para alunos que
são oriundos em grande parte de
escolas públicas e não têm recursos para pagar mensalidades somente se justifica se houver aumento substancial no número de
estudantes com financiamento",
diz. O preço médio das mensalidades da Unip é R$ 500.
Segundo o empresário, o ensino
superior privado já não é mais tão
lucrativo quanto se pensa: "Acredito que 2002 será um ano muito
difícil para as instituições de ensino superior de modo geral, devido à enorme competitividade decorrente da abertura de novas faculdades, ao aumento de 50% das
vagas nas faculdades já existentes
e ao crescimento vertiginoso da
inadimplência", afirma.
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