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Expansão provoca crise em conselho
DA SUCURSAL DO RIO
O crescimento do ensino superior particular já provocou crises
no CNE (Conselho Nacional de
Educação), órgão que até o meio
deste ano era responsável, junto
com o MEC, por autorizar a abertura de novas instituições e pela
transformação de faculdades em
universidades, que têm mais autonomia para abrir novos cursos.
A primeira crise ocorreu em 97
e provocou a saída do filósofo José
Arthur Giannotti, que discordou
da decisão de autorizar a transformação da Faculdade Anhembi
Morumbi em universidade. Para
ele, a escola não tinha na época capacidade de produzir pesquisa.
Sua substituta, a antropóloga
Eunice Ribeiro Durham, desligou-se do conselho, em julho deste ano, criticando a política do
MEC de expansão do ensino privado. Ela discordava das críticas
que o CNE recebia de favorecimento às instituições privadas.
Eunice não concordou com as
mudanças na legislação feitas por
Paulo Renato Souza, ministro da
Educação, que centralizavam
mais o poder de autorização e fechamento de cursos no MEC.
Para Eunice, "tem havido um
crescimento desmesurado do sistema privado de ensino superior,
que ameaça a credibilidade do sistema porque desequilibra a proporção público e privado".
A antropóloga cobrou do MEC
uma defesa mais enérgica do
CNE, que desde o ano passado vinha sendo acusado de favorecer
alguns grupos particulares, como
Unip e Estácio de Sá. As duas instituições têm conselheiros ligados
direta ou indiretamente a elas.
Yugo Okida, vice-reitor da
Unip, foi indicado por nove entidades e foi reconduzido ao cargo
no ano passado. Lauro Zimmer,
ex-reitor da Estácio de Sá, foi indicado por 11 entidades e também
foi reconduzido.
O ministro Paulo Renato se
contrapõe às críticas afirmando
que o aumento nas matrículas se
dá sem perda da qualidade e com
o controle feito pela avaliação do
provão e pelas visitas de especialistas que avaliam a infra-estrutura, projeto pedagógico e corpo
docente dos cursos.
Segundo ele, expandir o sistema
universitário é uma necessidade
do Brasil e o crescimento das escolas particulares ajuda a tornar o
ensino superior menos elitista.
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