São Paulo, domingo, 02 de dezembro de 2001

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Expansão provoca crise em conselho

DA SUCURSAL DO RIO

O crescimento do ensino superior particular já provocou crises no CNE (Conselho Nacional de Educação), órgão que até o meio deste ano era responsável, junto com o MEC, por autorizar a abertura de novas instituições e pela transformação de faculdades em universidades, que têm mais autonomia para abrir novos cursos.
A primeira crise ocorreu em 97 e provocou a saída do filósofo José Arthur Giannotti, que discordou da decisão de autorizar a transformação da Faculdade Anhembi Morumbi em universidade. Para ele, a escola não tinha na época capacidade de produzir pesquisa.
Sua substituta, a antropóloga Eunice Ribeiro Durham, desligou-se do conselho, em julho deste ano, criticando a política do MEC de expansão do ensino privado. Ela discordava das críticas que o CNE recebia de favorecimento às instituições privadas.
Eunice não concordou com as mudanças na legislação feitas por Paulo Renato Souza, ministro da Educação, que centralizavam mais o poder de autorização e fechamento de cursos no MEC.
Para Eunice, "tem havido um crescimento desmesurado do sistema privado de ensino superior, que ameaça a credibilidade do sistema porque desequilibra a proporção público e privado".
A antropóloga cobrou do MEC uma defesa mais enérgica do CNE, que desde o ano passado vinha sendo acusado de favorecer alguns grupos particulares, como Unip e Estácio de Sá. As duas instituições têm conselheiros ligados direta ou indiretamente a elas.
Yugo Okida, vice-reitor da Unip, foi indicado por nove entidades e foi reconduzido ao cargo no ano passado. Lauro Zimmer, ex-reitor da Estácio de Sá, foi indicado por 11 entidades e também foi reconduzido.
O ministro Paulo Renato se contrapõe às críticas afirmando que o aumento nas matrículas se dá sem perda da qualidade e com o controle feito pela avaliação do provão e pelas visitas de especialistas que avaliam a infra-estrutura, projeto pedagógico e corpo docente dos cursos.
Segundo ele, expandir o sistema universitário é uma necessidade do Brasil e o crescimento das escolas particulares ajuda a tornar o ensino superior menos elitista.


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