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Famílias brasileiras ficam mais velhas
Expectativa de vida do brasileiro ao nascer já chega a 71,9 anos, segundo o IBGE; aumento de 2 meses e 12 dias de 2004 para 2005
Para demógrafo, expectativa de vida no Brasil ainda é baixa por conta da violência e do ainda alto patamar de mortalidade infantil
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
A expectativa de vida do brasileiro ao nascer registrou no
ano passado novo aumento,
chegando a 71,9 anos, um acréscimo em relação a 2004 de dois
meses e 12 dias. Por conta dela,
é cada vez mais comum a convivência de avôs e bisavôs com
seus netos e bisnetos. O crescimento tem sido gradual. Em
1980, por exemplo, era de 62,6
anos. Em 2000, estava em 70,5.
As estimativas são divulgadas anualmente pelo IBGE para, entre outras razões, servir
de parâmetro ao cálculo da
aposentadoria pelo INSS. Mas
ajudam a captar mudanças no
perfil demográfico da população que interferem não só em
aspectos econômicos, mas
também nas relações sociais.
Estudo divulgado ontem pelo
IBGE, feito a partir dos censos
de 1991 e de 2000, mostra que
na década passada aumentou
em 61% o número de chefes de
família com mais de 65 anos
que conviviam no mesmo domicílio com netos ou bisnetos.
No início da década passada,
essa população era estimada
em 688 mil pessoas. No final do
período, chegou a 1,1 milhão.
Em 1991, havia 7 milhões de
brasileiros com mais de 65 anos
de idade. Nove anos depois, esse contingente chegou a 9,9 milhões, um acréscimo de 41%.
Como o aumento dos idosos,
por sua vez, foi também superior ao aumento do total da população, a proporção dos que tinham mais de 65 anos no total
da população cresceu de 4,8%
para 5,8% nesse período.
O demógrafo Juarez de Castro Oliveira, do IBGE, explica
que a tendência de envelhecimento populacional ocorre
principalmente por dois fatores. O primeiro é o crescimento
da expectativa de vida do brasileiro por causa da redução na
mortalidade infantil e das melhorias de acesso e tecnologia
no setor de saúde.
O segundo é a queda acelerada do padrão de fecundidade da
brasileira, que desde 2003 está
no nível que indica mera reposição populacional, de 2,1 filhos
por mulher. Com menos crianças e com os idosos vivendo
mais, é de se esperar que a proporção de idosos aumente.
Apesar de constante, o aumento na expectativa de vida
no Brasil ocorre na avaliação de
Oliveira aos "trancos e barrancos" por causa das elevadas taxas de mortalidade por causas
violentas entre homens jovens
e pelo ainda alto patamar de
mortalidade infantil.
Segundo ele, é normal que os
ganhos em anos de vida sejam
cada vez menores de um ano
por outro à medida que o país
vai chegando a patamares
maiores. Mas esse movimento
poderia ser mais acelerado caso
menos jovens e bebês morressem por causas evitáveis.
É por essas razões que o Brasil ainda está muito distante de
países desenvolvidos como Japão, Suíça ou Itália, onde a expectativa de vida é superior a
80 anos. A expectativa de vida
divulgada ontem para 2005 colocaria o Brasil apenas na 80ª
posição num ranking de 192 nações feito pela ONU, praticamente o mesmo patamar de Líbano e Arábia Saudita.
Para Luiz Antônio Pinto de
Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do
IBGE, há espaço para mais aumento na expectativa de vida
no Brasil principalmente no
Norte e Nordeste.
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