São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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Famílias brasileiras ficam mais velhas

Expectativa de vida do brasileiro ao nascer já chega a 71,9 anos, segundo o IBGE; aumento de 2 meses e 12 dias de 2004 para 2005

Para demógrafo, expectativa de vida no Brasil ainda é baixa por conta da violência e do ainda alto patamar de mortalidade infantil

ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO

A expectativa de vida do brasileiro ao nascer registrou no ano passado novo aumento, chegando a 71,9 anos, um acréscimo em relação a 2004 de dois meses e 12 dias. Por conta dela, é cada vez mais comum a convivência de avôs e bisavôs com seus netos e bisnetos. O crescimento tem sido gradual. Em 1980, por exemplo, era de 62,6 anos. Em 2000, estava em 70,5.
As estimativas são divulgadas anualmente pelo IBGE para, entre outras razões, servir de parâmetro ao cálculo da aposentadoria pelo INSS. Mas ajudam a captar mudanças no perfil demográfico da população que interferem não só em aspectos econômicos, mas também nas relações sociais.
Estudo divulgado ontem pelo IBGE, feito a partir dos censos de 1991 e de 2000, mostra que na década passada aumentou em 61% o número de chefes de família com mais de 65 anos que conviviam no mesmo domicílio com netos ou bisnetos. No início da década passada, essa população era estimada em 688 mil pessoas. No final do período, chegou a 1,1 milhão.
Em 1991, havia 7 milhões de brasileiros com mais de 65 anos de idade. Nove anos depois, esse contingente chegou a 9,9 milhões, um acréscimo de 41%.
Como o aumento dos idosos, por sua vez, foi também superior ao aumento do total da população, a proporção dos que tinham mais de 65 anos no total da população cresceu de 4,8% para 5,8% nesse período.
O demógrafo Juarez de Castro Oliveira, do IBGE, explica que a tendência de envelhecimento populacional ocorre principalmente por dois fatores. O primeiro é o crescimento da expectativa de vida do brasileiro por causa da redução na mortalidade infantil e das melhorias de acesso e tecnologia no setor de saúde.
O segundo é a queda acelerada do padrão de fecundidade da brasileira, que desde 2003 está no nível que indica mera reposição populacional, de 2,1 filhos por mulher. Com menos crianças e com os idosos vivendo mais, é de se esperar que a proporção de idosos aumente.
Apesar de constante, o aumento na expectativa de vida no Brasil ocorre na avaliação de Oliveira aos "trancos e barrancos" por causa das elevadas taxas de mortalidade por causas violentas entre homens jovens e pelo ainda alto patamar de mortalidade infantil.
Segundo ele, é normal que os ganhos em anos de vida sejam cada vez menores de um ano por outro à medida que o país vai chegando a patamares maiores. Mas esse movimento poderia ser mais acelerado caso menos jovens e bebês morressem por causas evitáveis.
É por essas razões que o Brasil ainda está muito distante de países desenvolvidos como Japão, Suíça ou Itália, onde a expectativa de vida é superior a 80 anos. A expectativa de vida divulgada ontem para 2005 colocaria o Brasil apenas na 80ª posição num ranking de 192 nações feito pela ONU, praticamente o mesmo patamar de Líbano e Arábia Saudita.
Para Luiz Antônio Pinto de Oliveira, coordenador de População e Indicadores Sociais do IBGE, há espaço para mais aumento na expectativa de vida no Brasil principalmente no Norte e Nordeste.


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