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Além de roupa e comida, voluntários 'doam' trabalho
Na opinião da psicóloga, o fato de ajudas às vítimas faz parte de uma percepção do ser humano de que 'estamos todos no mesmo barco'
BRUNA SANIELE
DESIREE ANTÔNIO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
A campanha nacional para
ajudar os desabrigados de Santa Catarina deu certo, a tal ponto de a Defesa Civil ter de providenciar novos espaços. O órgão
também teve de pedir que os
postos de recolhimento esperem para enviar produtos que
não sejam prioridade.
Só no último fim de semana,
a cidade de Blumenau recebeu
130 caminhões. Em São Paulo,
quem chega à Cruz Vermelha
encontra pessoas dispostas a
fazer mais do que doações. O local já arrecadou mais de 200 toneladas de alimentos -108 toneladas seguiram para SC até a
tarde de ontem e o restante
aguarda para ser enviado.
"Não dá para ficar parada, assistindo", disse a aposentada Ilda Coelho da Luz, 61, enquanto
separava roupas na instituição.
Durante o dia, cerca de 50 voluntários se revezam nas tarefas, mas ainda falta ajuda. "Estamos precisando de gente para
fazer triagem, recepcionar o
pessoal, colocar as doações no
caminhão. É bastante trabalho", diz Mariana Ribeiro Conz,
coordenadora do departamento de apoio ao desastre.
A rede de academias Competition promove até o dia 6 de
dezembro, em suas três unidades em São Paulo, uma campanha de arrecadação. As unidades Lapa, Santo Amaro e Itaquera do Cursinho da Poli também recebem doações.
Produtos necessários
A Defesa Civil divulgou ontem uma lista com os produtos
necessários para ajudar as vítimas em Santa Catarina. O órgão pede doações sobretudo de
produtos de higiene pessoal e
artigos para limpeza das casas e
residências atingidas pelas
chuvas, como sabonetes, escova de dente, creme dental, papel higiênico e outros.
Além da doação de produtos,
a Defesa Civil abriu oito contas
bancárias para angariar fundos
para os desabrigados.
A Sedec (Secretaria Nacional
de Defesa Civil), vinculada ao
Ministério da Integração Nacional, alerta para a "doação desorganizada", ou a não correspondência das doações com as
necessidades dos atingidos.
Solidariedade
Para a professora de psicologia da USP, Henriette Morato,
as campanhas em prol das vítimas de SC não são apenas atos
de solidariedade. "Tem a ver
com a percepção de que estamos todos no mesmo barco, de
perceber que há uma fragilidade e querer colaborar."
Mesmo quem não quer doar
pode ser obrigado a fazê-lo.
O Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) decidiu ontem expedir ofício às unidades do Ministério Público,
sugerindo que recursos provenientes de transações penais
-especialmente nos casos de
prestação pecuniária e suspensão condicional do processo-
sejam depositados para o Fundo Estadual da Defesa Civil de
Santa Catarina.
As doações prioritárias, segundo informações da Defesa
Civil de Santa Catarina, são
água, alimentos de consumo
imediato, produtos de higiene
pessoal, produtos de limpeza e
colchões. Devido à grande
quantidade de doações, os postos de armazenamento ficaram
saturados.
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