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FAB resgata grupo isolado havia oito dias
FERNANDO DONASCI
ENVIADO ESPECIAL A LUÍS ALVES
Um grupo de 41 moradores
do Braço do Francês, em Luiz
Alves, não via a hora de escapar
de uma área de risco isolada havia oito dias. Alguns tentaram
por terra, mas pararam nas barreiras das estradas. Tiveram
que aguardar até ontem, quando três helicópteros da FAB
(Força Aérea Brasileira) chegaram para resgatá-los.
A reportagem acompanhou
no final da tarde o resgate do
grupo, aglomerado num abrigo
improvisado. No rosto das
crianças, a expressão de pânico
e de choro -talvez assustadas,
talvez por medo dos helicópteros, talvez por medo de abandonar suas casas.
No grupo, uma mulher de 52
anos com a perna engessada
por ter tentado salvar da morte
seu filho de 13 anos. "Era muita
água. Caí no buraco e quebrei a
perna", contou Nadir Maria
Schimidt. A casa dela foi invadida pela chuva. Ao tentar salvar
alguns pertences, foi surpreendida pela altura da água quando
retornava ao imóvel. Correu
para resgatar seu filho e se acidentou. No final, foi ele quem a
tirou do buraco.
Ontem, os moradores só conseguiram levar documentos e
bens mais leves. Cada um levava uma pequena sacola -com
poucas mudas de roupas.
Alguns estavam no abrigo
desde domingo da semana anterior. Outros só correram para
lá nos últimos quatro dias, devido à ordem da Defesa Civil
para que abandonassem suas
casas. Segundo eles, comida e
água não faltavam. Mas todos
pareciam nervosos por ficarem
entre os últimos a serem atendidos pelas equipes de resgate.
Os helicópteros da FAB sobrevoaram a área do Braço do
Francês, onde os deslizamentos, embora não tão próximos
do abrigo, ainda ameaçam
avançar. Na chegada ao campo,
às 18h, os militares anunciavam
nome a nome a lista preparada
pela Defesa Civil.
Simone Blublitz, com a filha
de dois meses no colo e outros
sete filhos faziam parte da lista.
"Vivíamos uma vida tranqüila
antes da tragédia", disse ela. O
cunhado e a nora não responderam à convocação -foram
dos poucos que não quiseram
sair do bairro.
Já a família Felberg aguardava ansiosamente pelo resgate.
Edílson, 16, ficou à espera do
helicóptero da hora do almoço
ao final da tarde. "De manhã,
quando fomos lavar a roupa,
meu tio foi avisado para a gente
se aprontar logo. Disseram que
a terra do morro iria descer."
Jaldira Felberg, 55, mãe de
Edílson, fez questão de pedir à
reportagem para que colocasse
seu nome no jornal para provar
que a família estava viva -só
pensava em tranqüilizar seu irmão, que mora em outra região.
"Eles ainda não escutaram nosso nome na televisão."
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