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EDUCAÇÃO
Só 6% dos R$ 5,7 bilhões repassados pelo MEC este ano foram investidos em pesquisa, manutenção e investimentos
Federal gasta 94% da verba com pessoal
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
A maioria esmagadora dos recursos do Tesouro destinados às
universidades federais é consumida com o pagamento de pessoal
(salários e benefícios, como vale-transporte e tíquete-alimentação). Com isso, não sobra quase
nada para pesquisa, manutenção e
investimentos na estrutura física.
Em 97, 93% dos recursos que o
Ministério da Educação repassou
às universidades federais foram
destinados ao pagamento de funcionários da ativa e aposentados.
Para manutenção, obras e compra
de equipamentos sobraram R$
392 milhões.
Se forem somados os recursos
gerados pelas próprias universidades em 97 (com a cobrança da taxa
de inscrição no vestibular, por
exemplo), o total disponível sobe
para R$ 6,2 bilhões, dos quais apenas R$ 1,1 bilhão foi usado para
manutenção e investimentos.
Neste ano, a desproporção aumentou ainda mais. Dos R$ 5,7 bilhões que o MEC repassou às federais, 94% foram destinados ao pagamento da folha de pessoal.
Para a Andifes (Associação Nacional de Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior),
um dos motivos da desproporção
no "orçamento das federais é o
gasto elevado com o pagamento
de pensionistas e de professores e
funcionários aposentados.
Em 97, dos R$ 5,02 bilhões usados para pagar pessoal, R$ 1,47 bilhão foram gastos só com aposentados e pensionistas.
Segundo cálculo da Andifes, se
as federais não tivessem de arcar
com o pagamento dos salários de
inativos, em vez de 6% do orçamento, sobrariam pelo menos
10% para manutenção das universidades e obras de infra-estrutura.
O gasto com pessoal -e sobretudo com inativos- também é
apontado pelo MEC como um dos
principais responsáveis pelo alto
custo anual de manutenção do
aluno das federais -calculado pelo ministério em R$ 8,7 mil.
O ministro Paulo Renato Souza
(Educação) vem pressionando as
universidades federais a melhora a
gestão dos recursos e corrigir essa
distorção entre os gastos com pessoal e os gastos com investimento
e manutenção.
Para isso, ele defende que as universidades aumentem a oferta de
vagas nos vestibulares, aumentando a relação de alunos por professor. Hoje, nas universidades públicas, há apenas 9,4 alunos para
cada professor - o menor percentual dos países do Mercosul.
Para a Andifes, há ainda outra
razão que explica a desproporção
na distribuição dos recursos: a redução gradativa no montante que
o Tesouro vem repassando às universidades nos últimos cinco anos.
Em 94, 3,37% do Orçamento Geral da União foram destinados às
instituições de ensino federais.
Neste ano, as universidades federais receberam 1,85% das verbas
federais. "Não temos como reduzir os gastos com pessoal por
amarras legais. O jeito é cortar investimentos", diz José Ivonildo
do Rêgo, presidente da Andifes.
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