São Paulo, quarta, 2 de dezembro de 1998

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Adiamento cria situação nova, diz ministro

da Sucursal de Brasília

O ministro da Justiça, Renan Calheiros, disse ontem que o governo fez a sua parte ao reclamar contra o pedido de vistas apresentado por um juiz de São Paulo em relação à revisão das penas dos sequestradores de Diniz.
O pedido retardará o julgamento da revisão das penas dos oito sequestradores que estão em greve de fome. Calheiros afirmou que o adiamento cria "uma situação nova", porque o governo ainda não discutiu a possibilidade de expulsão dos sete estrangeiros.
"A revisão das penas era a saída", disse o ministro, que pediu o empenho do presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo para acelerar o julgamento do processo. "Eles poderiam até ter o alvará de soltura", completou Calheiros.
O ministro disse que o governo "fez o que tinha de ser feito", ao cumprir acordo firmado com o Canadá, com a transferência dos dois sequestradores canadenses.
"Expulsar é o que eles querem, mas isso significa não cumprir pena e define um confronto com o próprio Poder Judiciário. Então nós estamos vendo o que é possível fazer", disse ele.

Diplomacia
No próximo dia 8, o presidente do Chile, Eduardo Frei, vem ao Brasil em visita oficial. No Chile, deputados da base governista pressionam o governo para que o tente conseguir alguma resposta concreta do presidente Fernando Henrique em relação ao caso, ou mesmo cancele a visita.
Nesta semana, o deputado chileno Jaime Naranjo, do Partido Socialista, e familiares dos sequestradores pediram à chancelaria o envio de um embaixador especialmente para tratar do caso dos sequestradores com o governo brasileiro, mas não tiveram resposta.
A questão só pode ser decidida pelo chanceler José Miguel Insulza, que está na Espanha para cuidar do caso do ex-ditador chileno Augusto Pinochet.
"Queremos que nossos familiares sejam tratados pelo governo chileno da mesma forma que Pinochet. Afinal, não existem direitos humanos de primeira e de segunda classe. Não queremos que nossos parentes morram", disse à Folha, por telefone, Margarita Marchi, irmã de Maria Emília.




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