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Decisão é política, afirmam advogados
ANDRÉ LOZANO
da Reportagem Local
Especialistas em direito divergem sobre a lentidão do Tribunal
de Justiça de São Paulo em julgar a
redução das penas dos sequestradores do empresário Abílio Diniz.
Para o advogado Jairo Fonseca,
do Conselho Estadual de Política
Criminal, o encerramento do caso
está nas mãos do presidente Fernando Henrique Cardoso.
"A greve não é o instrumento
mais feliz para forçar uma decisão
judicial. Ela tem mais efeito quando a decisão é administrativa. Por
isso, a sorte desses sequestradores
em greve de fome depende mais
do presidente Fernando Henrique
Cardoso, que tem poder de expulsar os estrangeiros e de indultar o
brasileiro", disse Fonseca.
Na avaliação de promotores, juízes e advogados ouvidos pela Folha, a demora do TJ-SP em julgar a
redução das penas -pedindo reiteradas vistas do processo, ciente
das péssimas condições físicas dos
sequestradores- seria um "recado" ao governo federal para que
ele acelere uma decisão política
sobre o assunto, uma vez que a decisão técnica (o julgamento) não
poderia ceder a pressões.
No entanto, alguns especialistas
criticam, embora entendam como
tecnicamente correto, os pedidos
de vistas do processo em um momento crítico como esse.
Para um juiz da área criminal de
São Paulo, que não quis se identificar, os desembargadores poderiam ter antecipado as vistas, uma
vez que conhecem as dificuldades
de saúde das pessoas envolvidas.
"É certo que o Poder Judiciário
não deve ceder a pressões, mas falta sensibilidade política para
aqueles que pedem vistas nesse
momento", disse Fonseca.
Já um promotor da Procuradoria Geral de Justiça de São Paulo
acha que o Tribunal de Justiça pode estar tendo essa atitude com receio de que a opinião pública se
voltasse contra uma eventual decisão de redução da pena de um crime de repercussão internacional.
O ex-secretário da Segurança
Pública de São Paulo Eduardo Augusto Muylaert considera que o TJ
está mantendo um ritmo normal.
"O que acontece é que o ritmo da
decisão do tribunal não coincide
com o ritmo do cronograma político da greve dos sequestradores.
O importante é que o processo está em julgamento."
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