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"Sempre vai existir suspeita"
DA REPORTAGEM LOCAL
Os advogados de defesa de Fernando Dutra Pinto, Maura Marques e Rui Afonso Cardoso, descartam a hipótese de o sequestrador ter tido uma morte natural e
afirmam suspeitar de envenenamento alimentar ou superdosagem de medicamentos.
"Sempre existe e sempre vai
existir uma suspeita. Para um rapaz de 22 anos, que não fuma, não
bebe, não é viciado em drogas, estava preso e muito bem de saúde
na sexta-feira ter uma parada cardiorrespiratória menos de uma
semana depois não tem outra explicação", afirmou Maura.
Ela chegou a dizer que, nos últimos dois meses, já havia recebido
três "alertas" para ficar atenta à
comida de Dutra Pinto. Os avisos
teriam sido dados por um jornalista, um empresário e uma denúncia anônima.
Os advogados contam que há
um mês haviam dado informações ao rapaz sobre envenenamento. "Só a necropsia dirá o que
aconteceu, mas ele era o homem
que sabia demais", diz Maura.
A advogada não arrisca, porém,
apontar nenhum suspeito de ter
matado o sequestrador. "Não
existia nenhum preso que detestasse ou tivesse alguma mágoa de
Fernando, todos gostavam dele
ou o admiravam."
Maura, que foi a última a ver o
sequestrador, disse que se espantou ao ver o estado de saúde de
Fernando na manhã de ontem
quando o visitou no presídio.
"Ele veio ao meu encontro numa cadeira de rodas e disse que
estava sentindo muitas tonturas e
que não estava enxergando nada.
Estava um total moribundo."
A advogada relata que Fernando respirava com muita dificuldade. "Ele só teve tempo de tomar
uma copo de água . Eu pedi para
ele reagir, mas ele disse que quem
tinha de reagir era eu, pois ele estava com Deus. Depois teve a parada cardíaca", disse.
Cardoso contou que, na manhã
de ontem, Dutra Pinto havia reclamado para Maura que estava
recebendo doses muito altas de
um medicamento. "Dependendo
do laudo, vamos responsabilizar
o Estado."
Os advogados e a família também acusam os responsáveis pelo
atendimento médico no CDP do
Belém de terem demorado em levar Dutra Pinto para o hospital.
"Se eu soubesse que o estado dele
estava lamentável como eu vi, teria acionado um juiz corregedor
para removê-lo", disse Maura.
Para a advogada, o caso de Dutra Pinto era especial porque envolvia "polícia, política e uma série de pessoas importantes".
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