São Paulo, quinta-feira, 03 de janeiro de 2002

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"Sempre vai existir suspeita"

DA REPORTAGEM LOCAL

Os advogados de defesa de Fernando Dutra Pinto, Maura Marques e Rui Afonso Cardoso, descartam a hipótese de o sequestrador ter tido uma morte natural e afirmam suspeitar de envenenamento alimentar ou superdosagem de medicamentos.
"Sempre existe e sempre vai existir uma suspeita. Para um rapaz de 22 anos, que não fuma, não bebe, não é viciado em drogas, estava preso e muito bem de saúde na sexta-feira ter uma parada cardiorrespiratória menos de uma semana depois não tem outra explicação", afirmou Maura.
Ela chegou a dizer que, nos últimos dois meses, já havia recebido três "alertas" para ficar atenta à comida de Dutra Pinto. Os avisos teriam sido dados por um jornalista, um empresário e uma denúncia anônima.
Os advogados contam que há um mês haviam dado informações ao rapaz sobre envenenamento. "Só a necropsia dirá o que aconteceu, mas ele era o homem que sabia demais", diz Maura.
A advogada não arrisca, porém, apontar nenhum suspeito de ter matado o sequestrador. "Não existia nenhum preso que detestasse ou tivesse alguma mágoa de Fernando, todos gostavam dele ou o admiravam."
Maura, que foi a última a ver o sequestrador, disse que se espantou ao ver o estado de saúde de Fernando na manhã de ontem quando o visitou no presídio.
"Ele veio ao meu encontro numa cadeira de rodas e disse que estava sentindo muitas tonturas e que não estava enxergando nada. Estava um total moribundo."
A advogada relata que Fernando respirava com muita dificuldade. "Ele só teve tempo de tomar uma copo de água . Eu pedi para ele reagir, mas ele disse que quem tinha de reagir era eu, pois ele estava com Deus. Depois teve a parada cardíaca", disse.
Cardoso contou que, na manhã de ontem, Dutra Pinto havia reclamado para Maura que estava recebendo doses muito altas de um medicamento. "Dependendo do laudo, vamos responsabilizar o Estado."
Os advogados e a família também acusam os responsáveis pelo atendimento médico no CDP do Belém de terem demorado em levar Dutra Pinto para o hospital. "Se eu soubesse que o estado dele estava lamentável como eu vi, teria acionado um juiz corregedor para removê-lo", disse Maura.
Para a advogada, o caso de Dutra Pinto era especial porque envolvia "polícia, política e uma série de pessoas importantes".



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