São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ensino médio só terá livro com nova grafia em 2012

Na rede pública, primeiros livros adaptados chegam em 2010, para alunos do 1º ao 5º ano

No Estado de São Paulo, professores fazem cursos para se adaptar às novas regras; período de transição termina no fim de 2012

ANGELA PINHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Embora o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa já tenha entrado em vigor no dia 1º, as escolas públicas do país só começarão a receber dicionários e livros adaptados às novas regras entre 2010 e 2012.
A demora decorre do cronograma de compra de material didático pelo Ministério da Educação e da data prevista para a finalização do novo Volp ("Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa"), pela ABL (Academia Brasileira de Letras) -entre fevereiro e março.
No Programa Nacional do Livro Didático, o edital para a aquisição das obras é lançado de dois a três anos antes da distribuição. Foi o caso dos 103 milhões de exemplares que chegarão às mãos dos alunos do ensino médio da rede pública em 2009. Como o processo de compra deles acabou em 2007, quando o Acordo ainda não havia sido regulamentado, o MEC disse às editoras que a adaptação seria apenas voluntária. Com isso, esses estudantes só receberão livros adaptados em 2012 (veja quadro nesta pág.).
A maioria dos fornecedores que entregam o material didático neste ano preferiu não fazer modificações, segundo Rafael Torino, diretor de ações educacionais do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). Uma exceção são as obras de biologia da Nova Geração. "Vai ser uma minoria, porque a maioria das editoras está usando seus recursos editorais para os livros do futuro."
Para os dicionários, a previsão de Torino é que o edital seja lançado em março, quando o Volp já estiver pronto. Serão distribuídos um milhão de kits com oito a dez exemplares. O custo é estimado em R$ 100 milhões, mas, de acordo com Torino, não se trata de um gasto adicional -o governo já teria de comprar novos dicionários.
Os folhetos destinados aos professores também são esperados só para o ano letivo de 2010, já que também só serão elaborados após a publicação do novo Volp.
O governo federal diz não ver problemas no fato de o material didático chegar após o início da vigência do Acordo, pois o decreto presidencial que instituiu a reforma prevê um período de transição até 2012, em que as duas ortografias irão conviver. Outro argumento citado é o custo da aquisição das obras.
"Os programas do livro são caros, não dá para sair jogando os exemplares fora antes do prazo", diz Torino.
Ele menciona também que algumas redes, como a estadual de São Paulo, já organizaram treinamentos para os professores no ano passado, o que deve facilitar a disseminação de informações sobre as alterações.
Em cidades com menos recursos, porém, a adaptação promete ser mais lenta. É o caso de Paripueira (AL), cidade na região metropolitana de Maceió que figura na lista dos dez municípios com menor Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica). A secretária de Educação que deixou o cargo no último dia 31, Edemara de Oliveira, disse que o tema não foi discutido durante o ano. Ela afirma, porém, que não vê problemas na adaptação em até dois anos, desde que os atuais dirigentes promovam um programa de capacitação.


Texto Anterior: Santa Catarina: Jovem é atingida por fogos no Réveillon
Próximo Texto: Pasquale explica: A eliminação do trema não implica mudança na pronúncia
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.