São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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PASQUALE EXPLICA

A eliminação do trema não implica mudança na pronúncia

PASQUALE CIPRO NETO
COLUNISTA DA FOLHA

E o pobrezinho do trema se foi! Pobres de algumas palavras, como "quiproquó", que, mesmo quando se escrevia (ou se deveria escrever) com trema no primeiro "u" ("qüiproquó"), nem sempre era lida de acordo com a norma culta. Muita gente pronunciava e pronuncia "kiprokó" (a eliminação do simpático sinalzinho exige contorcionismos para que se explique a pronúncia de uma palavra).
Amado ou odiado, o trema (palavra masculina -"o trema" e não "a trema") marcava a pronúncia do "u" átono nos grupos "que", "qui", "gue" e "gui". Com o fim do trema, formas como "argúi" (terceira do singular do presente do indicativo de "arguir", que era "argüir") e "argüi" (primeira do singular do pretérito perfeito) se igualam na escrita -passam a "argui".
O fim do trema não implica a mudança da pronúncia de palavras como "sequestro" ou "linguiça". Morre o trema, mas os "us" que eram lidos continuarão sendo lidos, e os que não eram ou não deviam ser (como os de "distinguir" e "extinguir") continuarão não sendo (ou não devendo ser) lidos. O trema continua em termos estrangeiros, como "mülleriano". É isso.



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