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VIOLÊNCIA
Policiais alegam que veículos tinham as mesmas características; bebê de 3 meses está entre os feridos
PM confunde van com carro de ladrões, matam mãe e filha e ferem quatro na BA
CHRISTIANNE GONZÁLEZ
LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador
Uma tentativa da Polícia Militar
de prender na tarde de anteontem
dois suspeitos de assalto a banco
causou a morte da estudante Rejane Souza Santos, 11, e de sua
mãe, Maria Aparecida Santos, 34,
no interior da Bahia. Outras quatro pessoas -entre elas dois filhos de Maria Aparecida, um bebê de três meses e uma menina de
10 anos- ficaram feridas.
As vítimas viajavam pela BR-110
em uma van vermelha, de transporte de passageiros, quando foram atingidas por tiros de fuzil e
de escopeta disparados por policiais militares -um sargento e
quatro soldados.
Os militares disseram à polícia
que haviam sido informados de
que os supostos assaltantes estariam em uma van com características semelhantes às do veículo
atingido pelos tiros.
Eles disseram também que os tiros foram disparados porque o
motorista Cláudio Matias dos
Santos não teria atendido à ordem de parar o veículo.
Segundo a delegada de Alagoinhas, Elides Seida Nazaré, o motorista disse que não parou porque não tinha licença para fazer
transporte de passageiros.
Na van, que transportava 12
pessoas de Catu (78 km de Salvador) para Alagoinhas (109 km da
capital), outros quatro passageiros foram atingidos -João Paulo
Santos, de 3 meses, Rosa Paula
Santos, 10, Evanilton Carvalho,
17, e Fredson Araújo da Silva, 22.
Até a tarde de ontem, João Paulo permanecia na UTI, com três
perfurações de balas -uma no
braço esquerdo e duas nas costas.
Rosa Paula, que recebeu um tiro
na mão esquerda, foi atendida no
Hospital Dantas Bião, em Alagoinhas, e liberada ontem.
Atingido por tiros de raspão no
braço direito e na perna esquerda,
Fredson Araújo da Silva disse que
os policiais não esperaram o veículo parar. "Eles mandaram parar e já foram atirando", disse.
Também saiu ferido o passageiro Evanilton Carvalho dos Santos,
17, estudante. Ele foi atingido nas
costas e no rosto.
Rejane dos Santos foi atingida
na boca e no pescoço e Maria
Aparecida, no tórax.
O comandante geral da PM, coronel Jorge Luiz Souza, disse que
os policiais militares envolvidos
no incidente ficarão detidos no
quartel à disposição da Justiça.
O assessor de comunicação da
PM, coronel Cristovão Pinheiro,
disse que os militares agiram com
imperícia e imprudência.
"Eles usaram armas pesadas para parar um veículo e atiraram antes de verificar os documentos
dos passageiros."
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