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EDUCAÇÃO
Ministros rejeitam compromissos quantitativos para diminuir o analfabetismo
Países optam por metas tímidas
DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília
As metas educacionais aprovadas ontem pelos nove países em
desenvolvimento mais populosos
do mundo são menos ambiciosas
do que as que haviam sido propostas pela Unesco na abertura
do encontro, que reuniu autoridades desses países para avaliar
os resultados do Fórum Mundial
de Educação Para Todos, realizado na Tailândia, em 90.
Por outro lado, o documento
aprovado ontem traz metas que
haviam sido ignoradas na versão
preliminar, como a inclusão de
crianças portadoras de deficiências no ensino regular e o acesso à
Internet por escolas públicas.
Ministros da Educação dos nove países participantes (Brasil,
Bangladesh, China, Egito, Índia,
Indonésia, México, Paquistão e
Nigéria) rejeitaram a sugestão da
Unesco de estabelecer metas
quantitativas para serem cumpridas em 2005 e 2010, optando por
objetivos gerais, sem prazo fixo.
Em vez de reduzir o número de
analfabetos em 40% até 2005 e
acabar com o analfabetismo até
2010, os nove países concordaram
apenas em "priorizar a educação
para todos, com ênfase na erradicação do analfabetismo".
Algumas das metas sugeridas
pela Unesco foram ignoradas pelos ministros da Educação, como
a de que, até 2010, todas as crianças menores de 6 anos tivessem
acesso à educação infantil.
"A situação de cada um dos nove países hoje é muito diferente.
Isso inviabilizou a adoção de metas quantitativas coletivas", disse
o ministro da Educação de Bangladesh, Abu Sadique.
No México, país com menor índice de analfabetos do grupo, 11%
da população não sabia ler em 97.
Já no Paquistão, 55% da população em 98 era analfabeta.
O esboço das metas para 2010
apresentado pela Unesco foi muito criticado pelos países na segunda. "Aquela versão estava voltada
para o passado, não levava em
conta as mudanças profundas
que aconteceram nos últimos dez
anos. Não fazia referência à necessidade da Internet, o que nos condenava ao atraso", disse o ministro do Egito, Hussein El Din.
Um dos pontos de maior atrito
foi na elaboração da "Declaração
de Recife" foi a inclusão da garantia de igualdade de gênero no
acesso à escola. A Unesco havia
proposto que os países assegurassem que não haveria diferença
percentual na matrícula de meninas e meninos até 2005.
Paquistão e Índia se recusaram
a assinar o documento até que
fosse retirada essa cláusula, dizendo que nesses países a desigualdade tinha origens culturais e religiosas.
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