São Paulo, Quinta-feira, 03 de Fevereiro de 2000


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EDUCAÇÃO
Ministros rejeitam compromissos quantitativos para diminuir o analfabetismo
Países optam por metas tímidas

DANIELA FALCÃO
da Sucursal de Brasília

As metas educacionais aprovadas ontem pelos nove países em desenvolvimento mais populosos do mundo são menos ambiciosas do que as que haviam sido propostas pela Unesco na abertura do encontro, que reuniu autoridades desses países para avaliar os resultados do Fórum Mundial de Educação Para Todos, realizado na Tailândia, em 90.
Por outro lado, o documento aprovado ontem traz metas que haviam sido ignoradas na versão preliminar, como a inclusão de crianças portadoras de deficiências no ensino regular e o acesso à Internet por escolas públicas.
Ministros da Educação dos nove países participantes (Brasil, Bangladesh, China, Egito, Índia, Indonésia, México, Paquistão e Nigéria) rejeitaram a sugestão da Unesco de estabelecer metas quantitativas para serem cumpridas em 2005 e 2010, optando por objetivos gerais, sem prazo fixo.
Em vez de reduzir o número de analfabetos em 40% até 2005 e acabar com o analfabetismo até 2010, os nove países concordaram apenas em "priorizar a educação para todos, com ênfase na erradicação do analfabetismo".
Algumas das metas sugeridas pela Unesco foram ignoradas pelos ministros da Educação, como a de que, até 2010, todas as crianças menores de 6 anos tivessem acesso à educação infantil.
"A situação de cada um dos nove países hoje é muito diferente. Isso inviabilizou a adoção de metas quantitativas coletivas", disse o ministro da Educação de Bangladesh, Abu Sadique.
No México, país com menor índice de analfabetos do grupo, 11% da população não sabia ler em 97. Já no Paquistão, 55% da população em 98 era analfabeta.
O esboço das metas para 2010 apresentado pela Unesco foi muito criticado pelos países na segunda. "Aquela versão estava voltada para o passado, não levava em conta as mudanças profundas que aconteceram nos últimos dez anos. Não fazia referência à necessidade da Internet, o que nos condenava ao atraso", disse o ministro do Egito, Hussein El Din.
Um dos pontos de maior atrito foi na elaboração da "Declaração de Recife" foi a inclusão da garantia de igualdade de gênero no acesso à escola. A Unesco havia proposto que os países assegurassem que não haveria diferença percentual na matrícula de meninas e meninos até 2005.
Paquistão e Índia se recusaram a assinar o documento até que fosse retirada essa cláusula, dizendo que nesses países a desigualdade tinha origens culturais e religiosas.



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