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CARREFOUR
Testemunha confirmou que desempregada pediu ajuda e ligou para polícia
Lojista derruba versão de seguranças
PEDRO DANTAS
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Um depoimento prestado à polícia derruba a versão dada pelos
seguranças do Carrefour de Jacarepaguá (zona oeste do Rio) sobre
o caso envolvendo as desempregadas Andréa Cristina dos Santos,
27, e Geni Ribeiro Barbosa, 30.
As duas afirmam que vigilantes
do supermercado chamaram traficantes para puni-las pelo furto
de nove frascos de protetor solar
no sábado passado. Já o gerente
de segurança e dois seguranças da
filial negam a acusação, alegando
que liberaram as mulheres após
recuperar a mercadoria furtada.
Segundo o delegado Orlando
Zaccone, que preside o inquérito,
o dono de uma loja próxima ao
supermercado, que pediu que seu
nome não fosse revelado, confirmou que Andréa pediu sua ajuda
para ligar para o 190 -telefone de
emergência da polícia- sábado.
No telefonema, Andréa pediu
que a polícia viesse rápido para libertar Geni, que tinha sido levada
por traficantes. Segundo Zaccone,
o comerciante repetiu as mesmas
palavras que Andréa afirmou ter
dito ao telefone: "Vocês têm que
vir rápido para o Carrefour porque minha amiga foi levada para
algum lugar e, se vocês não vierem rápido, vai ser tarde." A Folha localizou o comerciante ontem. Ele confirmou ter deixado
que Andréa usasse o telefone, mas
não quis dar mais detalhes.
Na fita de vídeo do circuito interno de TV entregue pelo supermercado, há um corte de quatro
horas e 40 minutos a partir do
momento em que as mulheres
mostram, na sala dos seguranças,
as mercadorias furtadas.
Após a interrupção da fita, segundo Andréa e Geni disseram à
polícia, o segurança José Luís Ferreira telefonou para uma mulher
chamada Lolonga, que seria contato do traficante Telo, gerente do
tráfico na Cidade de Deus.
Segundo o relato, um traficante
chamado Quinho foi até o supermercado e levou Geni ao encontro de Telo na favela. Lá, ela teria
sido espancada e amarrada a
pneus que seriam incinerados.
Ela teria sido salva porque Andréa conseguiu fugir da sala dos
seguranças e chamar a polícia.
Preocupado com a chegada dos
policiais, o segurança Flávio Augusto Grachet teria ido à favela
pedir aos traficantes a libertação
de Geni. Os dois seguranças, além
do gerente de segurança Tadeu
Pinto, estão presos desde sábado.
O gerente da filial do Carrefour,
Joaquim Antônio Almeida da Silva, não foi ao depoimento marcado para ontem no inquérito criminal da 41ª DP, mas prestou esclarecimentos na Delesp (Delegacia de Controle de Segurança Privada) da Polícia Federal, que investiga o sistema de segurança do
mercado. Silva disse que soube do
caso na segunda-feira. O delegado
substituto da Delesp notificou o
gerente para que o Carrefour encerre imediatamente as atividades
clandestinas de segurança.
O Carrefour nunca registrou
queixa de furtos nas duas delegacias de Jacarepaguá, segundo Zaccone. Para ele, isso é uma evidência de que os casos de furto são resolvidos internamente na loja.
A Assessoria de Planejamento
da Polícia Civil, que monitora
queixas do 190, confirmou que
entre dezembro de 1997 e dezembro de 2000 não recebeu nenhuma chamada da filial do Carrefour. No mesmo período, a filial
da rede Sendas, também situada
na estrada de Jacarepaguá, registrou 19 roubos e 12 furtos.
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