São Paulo, domingo, 03 de fevereiro de 2002

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Publicitário é um dos mais premiados do país

JOÃO BATISTA NATALI
DA REPORTAGEM LOCAL

Numa das confidências que talvez mais bem o definam, Washington Olivetto, 50, disse em recente entrevista: "Fui o primeiro publicitário a dar valor à exposição na mídia de maneira exaustiva. Tenho necessidade de estar na mídia o tempo todo".
Mas também fazia a ressalva de que era o profissional -e não o indivíduo com sua vida privada- que se empenhava para atrair ao máximo as atenções.
Tornar-se uma celebridade alimentou a imagem do publicitário bem-sucedido, que o manteve na linha de frente na disputa pelas melhores contas ou na preservação dos melhores clientes.
Mas essa condição deixou de ser gratificante na noite em que foi sequestrado. No mercado do crime organizado, ele virava refém e passava a ter sua vida cotada num alto valor de resgate.
Washington Olivetto, tanto o da DPZ (1973-1986) quando o da W/Brasil nos anos seguintes, acumula uma quantidade inédita de prêmios entre os profissionais brasileiros da publicidade. Campanhas suas foram premiadas 48 vezes no Festival de Cannes (França). Recebeu também o Clio Award, o maior prêmio da propaganda mundial, em 2001.
Partiu dele a idéia de criar o Garoto Bombril, no ar desde 1978, objeto de mais de 160 comerciais e citado pelo "Guiness Book of Records" como a mais longa campanha com um único personagem.
Fez também o anúncio da Valisère sobre o primeiro sutiã, inventou o cachorrinho da Cofap, e, como agência com a conta da Folha, saiu da W/Brasil o ratinho que anuncia na televisão os classificados deste jornal.
É até simples compreender o longo sucesso de Washington Olivetto numa profissão em que o êxito é quase sempre efêmero. Sem formação acadêmica específica -ele não concluiu nenhuma das faculdades que começou- desenvolveu uma sensibilidade bastante aguda sobre os valores culturais que tornam um anúncio aceitável. Compreende instintivamente o que se passa na cabeça do consumidor da classe média e sabe dosar formas ousadas de linguagem com conteúdos eventualmente conservadores.
Sua reputação profissional foi nas duas últimas décadas acrescida de um componente com o qual as pessoas têm certa empatia: recusa-se a fazer campanhas políticas ("Gosto só de anunciar produtos que o consumidor possa devolver se não gostar"), trabalhar para órgãos de governos ou estatais, ou ainda fazer propaganda de cigarros.
Nascido em São Paulo, em 29 de setembro de 1951 ("Dia de São Miguel Arcanjo, o anjo anunciador"), começou sua carreira aos 18 anos, como estagiário na hoje extinta HGP. Foi por 14 anos diretor de criação da DPZ, antes de assumir a direção da agência de capital suíço W/GGK, comprada depois por ele e por dois sócios e rebatizada como W/Brasil, da qual é diretor de criação e presidente. Em 1998 a revista inglesa "Media International" o colocou na lista dos 25 mais influentes publicitários do mundo. No ano seguinte, a Alap (Associação Latino-Americana de Agências de Publicidade) qualificou-o de "o publicitário do século".
Torcedor do Corinthians, participou nos anos 80 do movimento "democracia corintiana".
Tem um filho, Homero, do primeiro casamento. É hoje casado com a produtora de cinema Patrícia Viotti de Andrade.


Colaborou CLAUDIA GARCIA, do Banco de Dados



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