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Para pedagogos, baixo salário e desprestígio explicam fenômeno
VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO
DA REPORTAGEM LOCAL
Coordenadora da Faculdade
de Educação da Unicamp e especialista em condições de trabalho e formação de professores, Maria Márcia Malavasi diz
que uma conjunção de fatores
como "desprestígio", "falta de
respeito social" e "baixos salários" contribui para o declínio
da carreira e a baixa procura
pelos cursos de magistério.
"Isso afeta a autoestima do
professor e a confiança nele
mesmo. Há também a questão
salarial, as pessoas precisam viver e desejam outro padrão que
possibilite, no mínimo, condições dignas de vida. Os salários
hoje estão incompatíveis com a
carreira e com as responsabilidades que eles precisam ter",
avalia a coordenadora.
Segundo diz, "isso se reflete
da pior maneira possível" nos
alunos. "Um professor que não
acredita na sua profissão passa
ao aluno esse descrédito. E como um aluno vai respeitar um
professor que não tem respeito
pela própria profissão? Como
um aluno vai desejar uma carreira igual?", questiona.
Para João Cardoso Palma Filho, professor titular de política
educacional da Unesp e vice-presidente do Conselho Estadual de Educação, não só o salário contribui para a baixa procura, "embora seja uma coisa
determinante", mas "a falta de
estímulos para a profissão".
"Professor não tem mais o
status que tinha. E é um ciclo
vicioso. Recrutam-se professores no ensino médio que tiverem má-formação. Nas escolas
de ponta, só 2% ou 3% declaram que vão prestar vestibular
para ser professor. Os que vão
para cursos como física ou química querem ser pesquisadores", diz Palma Filho.
No mercado, as escolas dizem que é difícil contratar professores e que cada vez mais se
encontram menos formados
por boas escolas de educação.
"Está difícil mesmo e não é
de agora. Houve uma desmotivação como um todo. Um dos
motivos principais é a desvalorização da carreira do magistério", diz Pedro Fregoneze, diretor do Colégio Bandeirantes.
Lá, a alternativa foi contratar
ex-alunos como monitores e
formá-los para um futuro magistério. "Eles assistem às aulas
com os principais professores e
vão sendo treinados e preparados", completa Fregoneze.
Neide Noffs, coordenadora-geral do projeto da PUC-SP para a formação de professores da
educação básica, diz ver uma
"dicotomia" entre a formação
dos professores e a atuação deles nas escolas.
"O professor deve ter uma
formação generalista, como lidar com dificuldades -com a
família, por exemplo. Na faculdade, ele é o especialista, mas
não tem uma visão geral da escola", afirma Neide. "A escassez
é fruto do baixo salário e da desvalorização", completa.
A média salarial de um professor da rede particular que
trabalhe em período integral
(40 horas por semana) é de
R$ 3.780, segundo o Sinpro-SP
(sindicato da rede particular).
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