São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

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A., 17, está grávida e tem Aids

do enviado especial

A.C.G.R. tem 17 anos, está grávida de três meses, tem o vírus da Aids, um companheiro e uma história triste para contar, além de ser uma das vítimas do ônibus que deixou Corumbá no último domingo.
"Vou ser sincera. Não fazia nada em Corumbá. Vivia lavando carros para me drogar e morava na rua."
Ela disse ter saído de Goiânia, mas não sabe há quanto tempo. Os pais já morreram. Ela tinha 10 anos. De parentes, só sobraram os tios.
Ela pediu que não fosse identificada. Disse que não contou ao companheiro sobre o fato de ser HIV positiva. "Mas o médico disse que há chances de o meu filho não ser contaminado."
Não vai ser o primeiro filho de A.C.G.R. "Uma ex-sogra cuida da minha filha de 2 anos", afirmou ela.

História triste
Ela contou que deixou o marido porque apanhava. A história triste não a faz esquecer os momentos que enfrentou dentro do ônibus da Trans Mec.
"Você pode imaginar o que é estar dentro de um ônibus, estar grávida, ver seus amigos apanhando, não poder fazer nada e ainda apontarem uma arma para você não dar um pio?", perguntou ela, quando conversava com a reportagem da Folha em um banco da Sociedade de Obras Sociais, uma entidade filantrópica que recebeu em Itapetininga os passageiros do ônibus.



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