São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

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PE tem 149 casos suspeitos de cólera

FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife

A Secretaria da Saúde de Pernambuco registrou este ano 239 casos suspeitos de cólera no Estado. Cinco pessoas morreram com sintomas da doença -duas a menos que em todo o ano passado. Do total de casos notificados, 61 já foram confirmados por meio de exames laboratoriais. Outros 29 foram descartados e o restante (149) continua sob investigação. O cólera pode ter atingido até agora 32 dos 185 municípios pernambucanos. Em 20 cidades já houve casos confirmados -incluindo Olinda e Igarassu, na região metropolitana de Recife. Com 99 casos e três mortes, São Vicente Ferrer, na Zona da Mata, tem o maior número de pessoas supostamente contaminadas pelo vibrião colérico em Pernambuco. Vicência ocupa o segundo lugar no ranking estadual, com 54 casos e duas mortes. A epidemia levou a prefeitura local a decretar estado de calamidade pública há oito dias. Os dois municípios são vizinhos e banhados pelo rio Sirigi. O manancial, que abastece várias comunidades localizadas às suas margens, está contaminado. Para a diretora de epidemiologia de Pernambuco, Jacira Ferreira, a seca que atinge o Nordeste é uma das principais causas da disseminação do cólera no Estado. Segundo ela, a falta d'água obriga as pessoas a utilizar o produto recolhido de locais insalubres ou de outras fontes "sem procedência" -incluindo carros-pipa não cadastrados por órgãos de saúde. Na tentativa de conter a doença, técnicos do Estado iniciaram um trabalho de reconhecimento das fontes que abastecem as comunidades atingidas pela doença. O objetivo, disse a diretora de epidemiologia, é saber "que tipo de água está sendo consumida", para que sejam definidas "estratégias de ações diferenciadas". O plano de controle do cólera em Pernambuco inclui ainda o monitoramento das nove bacias hidrográficas do Estado e a melhoria da estrutura do Laboratório Central, órgão responsável pela análise das amostras recolhidas. O projeto foi entregue ao Ministério da Saúde para análise e deverá ser rediscutido na próxima segunda-feira, em Recife, durante reunião entre técnicos de Brasília e prefeitos do Nordeste. O cólera tornou-se uma doença endêmica no Estado após as grandes epidemias ocorridas entre 92 e 94, quando 25.851 pessoas foram contaminadas e 300 morreram. Em 97 houve 625 casos confirmados, mas, com o agravamento da seca, o número de doentes saltou para 1.066 no ano passado. O cólera é uma doença causada pelo vibrião colérico, transmitida principalmente por água e alimentos contaminados. O doente apresenta diarréia intensa e pode sofrer com vômitos e cólicas abdominais.


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