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PE tem 149 casos suspeitos de cólera
FÁBIO GUIBU
da Agência Folha, em Recife
A Secretaria da Saúde de Pernambuco registrou este ano 239
casos suspeitos de cólera no Estado. Cinco pessoas morreram com
sintomas da doença -duas a menos que em todo o ano passado.
Do total de casos notificados, 61
já foram confirmados por meio de
exames laboratoriais. Outros 29
foram descartados e o restante
(149) continua sob investigação.
O cólera pode ter atingido até
agora 32 dos 185 municípios pernambucanos. Em 20 cidades já
houve casos confirmados -incluindo Olinda e Igarassu, na região metropolitana de Recife.
Com 99 casos e três mortes, São
Vicente Ferrer, na Zona da Mata,
tem o maior número de pessoas
supostamente contaminadas pelo
vibrião colérico em Pernambuco.
Vicência ocupa o segundo lugar
no ranking estadual, com 54 casos
e duas mortes. A epidemia levou a
prefeitura local a decretar estado
de calamidade pública há oito dias.
Os dois municípios são vizinhos
e banhados pelo rio Sirigi. O manancial, que abastece várias comunidades localizadas às suas margens, está contaminado.
Para a diretora de epidemiologia
de Pernambuco, Jacira Ferreira, a
seca que atinge o Nordeste é uma
das principais causas da disseminação do cólera no Estado.
Segundo ela, a falta d'água obriga
as pessoas a utilizar o produto recolhido de locais insalubres ou de
outras fontes "sem procedência"
-incluindo carros-pipa não cadastrados por órgãos de saúde.
Na tentativa de conter a doença,
técnicos do Estado iniciaram um
trabalho de reconhecimento das
fontes que abastecem as comunidades atingidas pela doença.
O objetivo, disse a diretora de
epidemiologia, é saber "que tipo
de água está sendo consumida",
para que sejam definidas "estratégias de ações diferenciadas".
O plano de controle do cólera em
Pernambuco inclui ainda o monitoramento das nove bacias hidrográficas do Estado e a melhoria da
estrutura do Laboratório Central,
órgão responsável pela análise das
amostras recolhidas.
O projeto foi entregue ao Ministério da Saúde para análise e deverá ser rediscutido na próxima segunda-feira, em Recife, durante
reunião entre técnicos de Brasília e
prefeitos do Nordeste.
O cólera tornou-se uma doença
endêmica no Estado após as grandes epidemias ocorridas entre 92 e
94, quando 25.851 pessoas foram
contaminadas e 300 morreram.
Em 97 houve 625 casos confirmados, mas, com o agravamento
da seca, o número de doentes saltou para 1.066 no ano passado.
O cólera é uma doença causada
pelo vibrião colérico, transmitida
principalmente por água e alimentos contaminados. O doente apresenta diarréia intensa e pode sofrer
com vômitos e cólicas abdominais.
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