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SAÚDE
Programa chamará atenção dos "descuidados" e dos que se consideram protegidos da Aids
Campanha de Aids 'puxa orelha' de folião
AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local
A campanha de prevenção à Aids
para o Carnaval deste ano pretende chamar a atenção das pessoas
para suas responsabilidades. A
Aids é problema de todos, mas a
epidemia requer a atuação de cada
um, prega a campanha.
Será uma espécie de "puxão de
orelha" nos foliões descuidados e
naqueles que se consideram protegidos. Guardada a sete chaves, a
campanha será anunciada amanhã
em Brasília pelo próprio ministro
da Saúde, José Serra.
A agência Master, que já faz as
campanhas do ministério há quatro anos, partiu de um fato constatado pelo Programa Nacional de
Aids em várias pesquisas: as pessoas sabem como evitar a infecção,
mas não se sentem ameaçadas
nem motivadas a mudar seus comportamentos. Por isso a campanha
deve ter um tom mais mobilizador
do que informativo.
Essa tendência já aparecia nas
campanhas do ministério lançadas
no final do ano passado. As pessoas -especialmente os jovens-
estão sendo conclamados a assumir a luta contra a Aids. Não se trata apenas de usar a camisinha, mas
de "levantar" a bandeira da proteção, convocando outros jovens.
Como vem acontecendo nos dois
últimos anos, a campanha chamará a atenção para a transmissão heterossexual, justamente a que mais
vem crescendo.
Em São Paulo, o programa estadual preparou 15 clips que estão
sendo distribuídos para cerca de
500 rádios. Há uma mistura de informação, humor e "responsabilidade". Em um deles, a conversa
acontece entre dois caipiras, um
consolando o outro, traído pela
mulher. "A Rita é tão séria que se
tivesse feito isso teria usado camisinha." No final, a própria Rita sugere: "Não seja caipira, converse
com seu marido sobre camisinha."
Câmbio e camisinha
A queda do real diante do dólar
está ameaçando reduzir em 1 milhão de unidades as compras de
preservativos pelo Estado de São
Paulo. A importadora, que negociou a venda a preços anteriores à
crise, não tinha decidido, até ontem, se mantinha os valores.
Artur Kalichman, coordenador
do programa estadual de prevenção e combate à Aids, disse que um
recuo da empresa afetará a distribuição já neste mês -em lugar de
1,2 milhão, o Estado oferecerá 800
mil camisinhas.
Pedro Chequer, do programa nacional, disse que o Carnaval não
será prejudicado pelo câmbio. "Fechamos a importação antes da crise", afirmou. De acordo com seus
cálculos, foliões do país todo estarão recebendo cerca de 7 milhões
de preservativos.
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