São Paulo, quarta, 3 de fevereiro de 1999

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SAÚDE
Programa chamará atenção dos "descuidados" e dos que se consideram protegidos da Aids
Campanha de Aids 'puxa orelha' de folião

AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

A campanha de prevenção à Aids para o Carnaval deste ano pretende chamar a atenção das pessoas para suas responsabilidades. A Aids é problema de todos, mas a epidemia requer a atuação de cada um, prega a campanha.
Será uma espécie de "puxão de orelha" nos foliões descuidados e naqueles que se consideram protegidos. Guardada a sete chaves, a campanha será anunciada amanhã em Brasília pelo próprio ministro da Saúde, José Serra.
A agência Master, que já faz as campanhas do ministério há quatro anos, partiu de um fato constatado pelo Programa Nacional de Aids em várias pesquisas: as pessoas sabem como evitar a infecção, mas não se sentem ameaçadas nem motivadas a mudar seus comportamentos. Por isso a campanha deve ter um tom mais mobilizador do que informativo.
Essa tendência já aparecia nas campanhas do ministério lançadas no final do ano passado. As pessoas -especialmente os jovens- estão sendo conclamados a assumir a luta contra a Aids. Não se trata apenas de usar a camisinha, mas de "levantar" a bandeira da proteção, convocando outros jovens.
Como vem acontecendo nos dois últimos anos, a campanha chamará a atenção para a transmissão heterossexual, justamente a que mais vem crescendo.
Em São Paulo, o programa estadual preparou 15 clips que estão sendo distribuídos para cerca de 500 rádios. Há uma mistura de informação, humor e "responsabilidade". Em um deles, a conversa acontece entre dois caipiras, um consolando o outro, traído pela mulher. "A Rita é tão séria que se tivesse feito isso teria usado camisinha." No final, a própria Rita sugere: "Não seja caipira, converse com seu marido sobre camisinha."

Câmbio e camisinha
A queda do real diante do dólar está ameaçando reduzir em 1 milhão de unidades as compras de preservativos pelo Estado de São Paulo. A importadora, que negociou a venda a preços anteriores à crise, não tinha decidido, até ontem, se mantinha os valores.
Artur Kalichman, coordenador do programa estadual de prevenção e combate à Aids, disse que um recuo da empresa afetará a distribuição já neste mês -em lugar de 1,2 milhão, o Estado oferecerá 800 mil camisinhas.
Pedro Chequer, do programa nacional, disse que o Carnaval não será prejudicado pelo câmbio. "Fechamos a importação antes da crise", afirmou. De acordo com seus cálculos, foliões do país todo estarão recebendo cerca de 7 milhões de preservativos.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.