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Mamografia falha em diagnóstico
DA REPORTAGEM LOCAL
Há um ano, a professora aposentada Maria Aparecida Pereira,
56, foi surpreendida com a notícia
de um tumor na sua mama esquerda. Seis meses antes, ela havia
feito uma mamografia, que não
detectara alteração no seio.
Ao perceber no auto-exame um
caroço e, logo depois, um abaulamento da mama, ela procurou o
médico. Uma biopsia confirmou
o câncer, mas já era tarde: Maria
teve a mama extirpada. "Sinto-me
traída", afirma.
Esse sentimento não é exclusivo
de Maria. Anualmente, cerca de
3.000 mulheres são vítimas do
mesmo erro. A mamografia não
detecta de 10% a 15% dos casos de
câncer de mama.
O motivo, dizem os médicos, é a
densidade do tecido mamário de
muitas mulheres, principalmente
as mais jovens, que não permite a
visualização dos tumores.
Na mamografia, esses tecidos
aparecem brancos, dificultando a
visão de um possível tumor, que
também fica com essa cor, ou seja,
não é contrastado. As mamas gordurosas levam mais vantagem
porque a gordura aparece escura.
Mesmo com esse índice de falhas, os mastologistas afirmam
que o exame é fundamental para
o diagnóstico precoce do câncer
de mama, porque é capaz de detectar tumores muito pequenos.
O médico Edison Mantovani
Barbosa, do IBCC, afirma que somente a mamografia mostra microcalcificações que podem representar o câncer no estágio inicial, quando ainda é possível preservar a mama.
No Brasil, os serviços públicos
de saúde só realizam a mamografia em mulheres acima de 50 anos,
ou em aquelas de alto risco ou
com suspeitas de doenças mamárias. Cerca 70% dos casos de câncer de mama são registrados em
mulheres entre 45 e 65 anos.
Há dez dias, o governo dos EUA
recomendou que as mulheres acima de 40 anos façam a mamografia a cada um ou dois anos.
Para o médico Pedro Aurélio
Ormonde, do Inca, ainda há pouca evidência do benefício do exame nas mulheres com menos de
50 anos. "Em termos epidemiológicos e de saúde pública, a mamografia não deve ser utilizada em
programas maciços."
Para o mastologista Luiz Henrique Gebrin, da Unifesp, a decisão
americana é mais política do que
apoiada em pesquisas científicas.
Ele diz que o Brasil deve continuar intensificando o controle em
mulheres acima de 50 anos, quando há quatro vezes mais chances
de detecção da doença.
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