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São Paulo, segunda-feira, 03 de março de 2003

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CARNAVAL

Dercy Gonçalves, 96, da Acadêmicos de Santa Cruz, e Luana Piovani, 26, da Salgueiro, foram show à parte no sambódromo

Duelo de gerações marca início dos desfiles no Rio

FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO

TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA

CHICO DE GÓIS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO

De bengala e com as coxas à mostra, Dercy Gonçalves, 96, superou em popularidade e assédio a atriz Luana Piovani, 26, no início da primeira noite do desfile das escolas de samba do Grupo Especial, no Rio.
Dercy foi destaque da Acadêmicos de Santa Cruz, que contou a história do teatro. Luana sambou como passista do Salgueiro, que entrou no Sambódromo como uma das favoritas ao campeonato deste ano.
Dercy, já na concentração, anunciou, balançando a bengala, que estava "decidindo o que mostrar". Saiu da Marquês de Sapucaí aos gritos de "maravilhosa".
Luana, de biquíni vermelho, preferiu esperar num camarote sua hora de entrar em cena. Mostrou simpatia e samba no pé, mas Marcos Palmeira, com quem trocou beijinhos na concentração, foi mais aplaudido que ela ao sair pelo Salgueiro.
Dercy e Luana foram os principais destaques de um início de desfile morno, marcado pela preocupação com a segurança e por pedidos de paz nas arquibancadas, uma semana após o início de ataques do tráfico que deixaram o Rio traumatizado.
Na entrada do Sambódromo, havia, pela primeira vez, detectores de metal. O policiamento foi reforçado, e houve até rumores de que a subestação da Light perto da passarela do samba seria alvo de um ataque do tráfico.
Com um samba animado e carros luxuosos, o Salgueiro contou a história de seus 50 anos, comemorados depois de amanhã. Os carros alegóricos relembraram os oito campeonatos conquistados nesse período, com desfiles como os que homenagearam a escrava Xica da Silva (1963) e Zumbi dos Palmares (1971).
Numa demonstração de como o desfile se tornou mais luxuoso e mais técnico desde que o Salgueiro conquistou seu último campeonato, em 1993, o barco-símbolo do enredo "Peguei um Ita no Norte" foi, este ano, dez vezes maior do que o carro alegórico original.
O carnavalesco Renato Lage, depois de ficar 13 anos na Mocidade Independente de Padre Miguel, foi o responsável pelo desfile salgueirense. A comissão de frente clássica tinha figurantes de fraque e cartola, e o toque acrobático ficou por conta da coreografia criada pelo bailarino Marcelo Misailidis: as bengalas dos figurantes se transformavam em andaimes nos quais eles subiam.
A primeira escola a desfilar, a Acadêmicos de Santa Cruz, contou na avenida a história do teatro. A comissão de frente trazia figurantes fantasiados de sátiros, uma referência à mitologia da Grécia antiga, onde as cerimônias de celebração ao deus Dionísio teriam dado origem ao teatro.


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