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CARNAVAL
Dercy Gonçalves, 96, da Acadêmicos de Santa Cruz, e Luana Piovani, 26, da Salgueiro, foram show à parte no sambódromo
Duelo de gerações marca início dos desfiles no Rio
FERNANDA DA ESCÓSSIA
DA SUCURSAL DO RIO
TALITA FIGUEIREDO
FREE-LANCE PARA A FOLHA
CHICO DE GÓIS
ENVIADO ESPECIAL AO RIO
De bengala e com as coxas à
mostra, Dercy Gonçalves, 96,
superou em popularidade e assédio a atriz Luana Piovani, 26,
no início da primeira noite do
desfile das escolas de samba do
Grupo Especial, no Rio.
Dercy foi destaque da Acadêmicos de Santa Cruz, que contou a história do teatro. Luana
sambou como passista do Salgueiro, que entrou no Sambódromo como uma das favoritas
ao campeonato deste ano.
Dercy, já na concentração,
anunciou, balançando a bengala, que estava "decidindo o que
mostrar". Saiu da Marquês de
Sapucaí aos gritos de "maravilhosa".
Luana, de biquíni vermelho,
preferiu esperar num camarote
sua hora de entrar em cena.
Mostrou simpatia e samba no
pé, mas Marcos Palmeira, com
quem trocou beijinhos na concentração, foi mais aplaudido
que ela ao sair pelo Salgueiro.
Dercy e Luana foram os principais destaques de um início
de desfile morno, marcado pela
preocupação com a segurança
e por pedidos de paz nas arquibancadas, uma semana após o
início de ataques do tráfico que
deixaram o Rio traumatizado.
Na entrada do Sambódromo,
havia, pela primeira vez, detectores de metal. O policiamento
foi reforçado, e houve até rumores de que a subestação da
Light perto da passarela do
samba seria alvo de um ataque
do tráfico.
Com um samba animado e
carros luxuosos, o Salgueiro
contou a história de seus 50
anos, comemorados depois de
amanhã. Os carros alegóricos
relembraram os oito campeonatos conquistados nesse período, com desfiles como os
que homenagearam a escrava
Xica da Silva (1963) e Zumbi
dos Palmares (1971).
Numa demonstração de como o desfile se tornou mais luxuoso e mais técnico desde que
o Salgueiro conquistou seu último campeonato, em 1993, o
barco-símbolo do enredo "Peguei um Ita no Norte" foi, este
ano, dez vezes maior do que o
carro alegórico original.
O carnavalesco Renato Lage,
depois de ficar 13 anos na Mocidade Independente de Padre
Miguel, foi o responsável pelo
desfile salgueirense. A comissão de frente clássica tinha figurantes de fraque e cartola, e o
toque acrobático ficou por conta da coreografia criada pelo
bailarino Marcelo Misailidis: as
bengalas dos figurantes se
transformavam em andaimes
nos quais eles subiam.
A primeira escola a desfilar, a
Acadêmicos de Santa Cruz,
contou na avenida a história do
teatro. A comissão de frente
trazia figurantes fantasiados de
sátiros, uma referência à mitologia da Grécia antiga, onde as
cerimônias de celebração ao
deus Dionísio teriam dado origem ao teatro.
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