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HOSPITAIS EM CRISE
Médicos dizem que caso aconteceu por falta de manutenção no hospital do Andaraí, no Rio
Mulher tem perna queimada ao operar mama
FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DO RIO
Uma paciente submetida a
uma cirurgia na mama sofreu
uma queimadura de terceiro
grau na perna. A causa, segundo
médicos, foi a falta de manutenção do centro cirúrgico. Esse caso, ocorrido no hospital do Andaraí, na zona norte do Rio, foi
relatado ontem por profissionais
da unidade, durante novo protesto contra a situação caótica
enfrentada pela instituição.
Segundo os médicos, engenheiros foram chamados -cena presenciada por vários médicos- e verificaram que o fio terra da cama estava partido. Suspeitaram que, durante a cirurgia
de câncer, em que é usado um
bisturi elétrico, possa ter ocorrido uma descarga que atingiu a
paciente.
Esse é um dos casos de má assistência levados a público por
médicos da rede federal municipalizada em 1999. A Prefeitura
do Rio e o Ministério da Saúde
não entram em acordo sobre a
manutenção do sistema.
Um dos médicos que testemunhou o caso, e que preferiu não
ser identificado nem revelar o
nome da paciente, relatou que a
mulher foi operada há cerca de
três semanas de um câncer da
mama. Após o procedimento, a
equipe de plástica -que reconstruiu o seio da paciente- percebeu, ao virar a mulher na cama
cirúrgica, uma queimadura grave, apesar de pequena.
Segundo o médico, a paciente
estava preocupada com o câncer
e pareceu não ter se importado
com a queimadura, que chocou
o corpo clínico. O Andaraí, um
dos hospitais transferidos pelo
governo federal à prefeitura em
1999 e centro de referência municipal para o tratamento de
câncer, está com a emergência
paralisada há uma semana. A
quimioterapia (tratamento para
o câncer) também parou.
"O hospital está sucateado. Todos os contratos de manutenção
foram suspensos. Faltam insumos básicos na emergência, luva, gaze, cateter", disse Diogo
Leite Sampaio, presidente da Associação de Médicos Residentes
do Estado do Rio e médico da
unidade. Segundo ele, quatro
ações já foram apresentadas à
Justiça por entidades médicas
em razão da falta de condições
de trabalho na unidade de 300
leitos -de acordo com Sampaio, só metade funciona.
A Secretaria Municipal da Saúde disse que, "em razão do horário avançado", não teria como
verificar ontem o caso.
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