São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2005

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HOSPITAIS EM CRISE

Médicos dizem que caso aconteceu por falta de manutenção no hospital do Andaraí, no Rio

Mulher tem perna queimada ao operar mama

FABIANE LEITE
DA SUCURSAL DO RIO

Uma paciente submetida a uma cirurgia na mama sofreu uma queimadura de terceiro grau na perna. A causa, segundo médicos, foi a falta de manutenção do centro cirúrgico. Esse caso, ocorrido no hospital do Andaraí, na zona norte do Rio, foi relatado ontem por profissionais da unidade, durante novo protesto contra a situação caótica enfrentada pela instituição.
Segundo os médicos, engenheiros foram chamados -cena presenciada por vários médicos- e verificaram que o fio terra da cama estava partido. Suspeitaram que, durante a cirurgia de câncer, em que é usado um bisturi elétrico, possa ter ocorrido uma descarga que atingiu a paciente.
Esse é um dos casos de má assistência levados a público por médicos da rede federal municipalizada em 1999. A Prefeitura do Rio e o Ministério da Saúde não entram em acordo sobre a manutenção do sistema.
Um dos médicos que testemunhou o caso, e que preferiu não ser identificado nem revelar o nome da paciente, relatou que a mulher foi operada há cerca de três semanas de um câncer da mama. Após o procedimento, a equipe de plástica -que reconstruiu o seio da paciente- percebeu, ao virar a mulher na cama cirúrgica, uma queimadura grave, apesar de pequena.
Segundo o médico, a paciente estava preocupada com o câncer e pareceu não ter se importado com a queimadura, que chocou o corpo clínico. O Andaraí, um dos hospitais transferidos pelo governo federal à prefeitura em 1999 e centro de referência municipal para o tratamento de câncer, está com a emergência paralisada há uma semana. A quimioterapia (tratamento para o câncer) também parou.
"O hospital está sucateado. Todos os contratos de manutenção foram suspensos. Faltam insumos básicos na emergência, luva, gaze, cateter", disse Diogo Leite Sampaio, presidente da Associação de Médicos Residentes do Estado do Rio e médico da unidade. Segundo ele, quatro ações já foram apresentadas à Justiça por entidades médicas em razão da falta de condições de trabalho na unidade de 300 leitos -de acordo com Sampaio, só metade funciona.
A Secretaria Municipal da Saúde disse que, "em razão do horário avançado", não teria como verificar ontem o caso.


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