São Paulo, segunda-feira, 03 de abril de 2000


Envie esta notícia por e-mail para
assinantes do UOL ou da Folha
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NA UNIVERSIDADE
Deputado pede ao MEC punição a veteranos de escola de Mato Grosso
Trote obsceno provoca polêmica

KAMILA FERNANDES
da Agência Folha

O relato de um trote considerado obsceno ocorrido na UFMT (Universidade Federal do Mato Grosso) deve ser denunciado amanhã ao Ministério da Educação por meio do deputado federal Wilson Santos (PMDB-MT), que promete cobrar punições aos alunos que participaram do ato.
Um grupo de veteranos daquela universidade fez 12 calouras participarem de uma brincadeira com um pênis de borracha, simulando sexo oral com o objeto.
A cena aconteceu no último dia 22 de março, no campus da Faculdade de Enfermagem da UFMT e foi flagrada por fotógrafos do jornal "Diário de Cuiabá", que publicou a foto do trote em sua edição.
"Não houve nenhuma denúncia por parte de nenhum dos participantes, mas, de qualquer forma, vamos apurar o caso com a abertura de uma sindicância e, se for o caso, punir os responsáveis", afirmou a pró-reitora de Ensino de Graduação, a professora Margareth Correia Lima.
Para Santos, o trote foi uma "barbárie" e deve ser punido "exemplarmente, para evitar que a prática se espalhe em outros campus pelo país".
"Vimos, em São Paulo, um aluno sendo morto no ano passado. Como é que uma universidade pode permitir que aconteça um trote libidinoso dessa forma dentro de seu próprio campus?", indagou o deputado.
A professora Margareth ressalta que a UFMT tem uma resolução que proíbe trotes na universidade e que incentiva atividades culturais para recepcionar calouros. "Mas sempre tem aqueles que preferem o trote tradicional, e fica difícil controlar tudo."
Ela não quis informar o número de alunos envolvidos. A punição pode variar entre uma simples advertência verbal até a expulsão, segundo a professora.
Em fevereiro do ano passado, Edison Tsung-Chi Hsueh, estudante chinês que havia acabado de passar no vestibular da Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo), morreu afogado na piscina da universidade durante um trote. Até o momento, ninguém foi punido.
Em razão de fatos como esse, o governador de São Paulo, Mário Covas, sancionou em 6 de janeiro lei de iniciativa do Legislativo que proíbe o trote agressivo nas universidades públicas estaduais (USP, Unicamp e Unesp).
Por agressivo, entende-se pintar o rosto do calouro ou raspar o cabelo, por exemplo. A lei atribui aos diretores, a responsabilidade de adotar medidas para impedir que atos violentos sejam praticados contra os calouros.


Texto Anterior: Fotógrafa alemã morre aos 91 anos
Próximo Texto: Educação: Legislativo vai debater prejuízo a 651 mil alunos
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.