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EDUCAÇÃO
Parlamentares vão discutir com prefeitos falta de investimento
Legislativo vai debater prejuízo a 651 mil alunos
GABRIELA ATHIAS
da Reportagem Local
A Comissão de Educação da Assembléia Legislativa do Estado
começará a discutir com prefeitos
paulistas formas de reduzir os
prejuízos causados pelo não investimento na educação, especialmente no ensino fundamental (1ª
à 8.ª série).
O desvio na aplicação das verbas do setor prejudica pelo menos
651.162 alunos, matriculados desde a pré-escola até o ensino fundamental (1ª à 8.ª séries), em 89
municípios.
O deputado César Callegari
(PSB), presidente da CPI da Educação e membro da comissão de
educação, antecipou à Folha que
a intenção é fazer uma audiência
pública em Bauru, convocando os
prefeitos. A data ainda não está
confirmada.
Reportagem publicada ontem
na Folha mostra que, entre 1997 e
1998, pelo menos 89 prefeituras
deixaram de investir 25% em
educação, desviando um total de
R$ 39,3 milhões do setor.
Para obter esses dados, foram
cruzados dados da Fundação Seade e do TCE.
O resultado desse cruzamento é
uma lista que identifica as 89 prefeituras paulistas que não investiram em educação e o montante
não aplicado no setor. Exemplo:
Piracicaba, segundo dados do tribunal, investiu apenas 18,50%
(em vez de 25%) em 1997, tendo,
com isso, causado ao setor um
prejuízo de R$ 8,097 milhões.
É importante ressaltar, diz a assessoria de imprensa do TCE, que
várias dessas prefeituras entraram com recurso contestando a
rejeição das contas. Para sair da
"malha fina", os municípios precisam provar, com documentos, a
aplicação no ensino.
Levantamento feito pela CPI da
Educação mostra que, nos últimos seis anos, o TCE (Tribunal de
Contas do Estado) rejeitou 242
contas municipais de prefeitos
que não investiram corretamente
no setor.
A não aplicação desses recursos
levou o TCE a marcar seminários
que contarão com a presença de
prefeitos e presidentes de câmaras municipais para discutir o
mesmo assunto.
A não aplicação de 25% do orçamento em educação é motivo
para o tribunal rejeitar as contas
da prefeitura, o que é feito por
meio de um parecer. O problema
é que essa decisão pode ser derrubada pelas câmaras municipais,
com dois terços dos votos dos vereadores.
O procurador de Justiça, Airton
Florentino de Barros, coordenador do Centro de Apoio das Cidadanias do Estado, explica que,
apesar da decisão da câmara, promotores do interior costumam
entrar na Justiça contra prefeitos
que não aplicaram em educação.
Ricardo Dias Leme, assessor do
Procurador-Geral do Estado, diz
que a maior dificuldade do Ministério é o acesso às informações sobre as contas municipais. "O Ministério Público precisa receber
denúncias para poder agir", diz.
O resultado é que dificilmente
os recursos desviados serão devolvidos à sala de aula. Como a
maioria dos municípios que não
investe em educação é pobre, os
alunos de famílias carentes acabam sendo os mais prejudicados.
Dados da fundação Seade mostram que a maioria dos chefes de
família desses municípios ganha,
em média, entre 2 e 3 salários mínimos e tem três anos de escolaridade.
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