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Dirigente de associação de controladores diz que confia em solução do governo
LEILA SUWWAN
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar da desconfiança dos
controladores com uma virada
de mesa do governo, um dos
principais líderes da categoria,
o sargento Moisés Almeida, dirigente da Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo, afirma que a categoria tem total confiança na solução que o governo oferecer na
reunião de hoje, desde que retire o setor da Aeronáutica.
Ele alerta que o "abandono"
dos oficiais das salas de controle pode causar problemas porque estão isolados de contato
com todo o setor técnico. Porém, diz que os passageiros estão seguros porque o monitoramento dos vôos está normal.
Leia a seguir trechos da entrevista à Folha por telefone:
FOLHA - O Ministério Público Militar vai abrir um IPM. Isso infringe o
acordo de que vocês não seriam punidos pelo motim?
MOISÉS ALMEIDA - Na verdade
não infringe. O Ministério Público é independente, tem que
abrir o IPM e cumprir o trabalho deles. O que se espera é que
ao longo do processo se arranje
uma maneira legal de se arrefecer esse ânimo de revanche. A
solução é política.
FOLHA - Qual é o clima aí dentro, é
verdade que os oficiais abandonaram vocês?
ALMEIDA - É verdade.
FOLHA - Estão com medo de represálias da Aeronáutica?
ALMEIDA - Aqui em Brasília está
mais tranqüilo, o pessoal é mais
consciente. Em Recife, o clima
está estupidamente pesado.
FOLHA - Vocês estão dispostos a
concordar com a solução que o governo apresentará hoje?
ALMEIDA - Estamos confiando
muito que a solução será adequada. Só não queremos mais
ficar com a FAB, não serve mais
para nós. No âmbito da Força
Aérea não cabe mais, o modelo
de gestão acabou, se esgotou.
FOLHA - Em Washington o presidente Lula disse que a reivindicação
de vocês era justa. Mas chamou vocês de "irresponsáveis".
ALMEIDA - As instituições que
prevalecem na nossa sociedade
são a Igreja e o militarismo. Ele
deve estar sendo muito pressionado pelo Exército e pela
Aeronáutica a respeito de medidas a serem tomadas.
FOLHA - O que faltou?
ALMEIDA - Faltou vergonha na
cara da mídia.
FOLHA - Como assim?
ALMEIDA - Vocês ficam só com o
governo, que tem mais poder.
Agora a gente sofre as conseqüências perante a opinião pública. A grande verdade é que
estamos fazendo tudo isso em
nome da segurança aérea.
FOLHA - E qual é o nível de segurança para o passageiro?
ALMEIDA - Estamos trabalhando aqui voluntariamente, fora
de escala. Vamos nos arrebentar, mas vamos tocar isto daqui.
A Força Aérea não está colaborando, mas vamos fazer a nossa
parte. Agora, se acontecer alguma coisa de origem técnica ou
fora da nossa esfera, nós só vamos poder comunicar.
FOLHA - O que pode acontecer? Pane de equipamento?
ALMEIDA - Nossa comunicação
com a parte técnica está cortada, não estamos conversando
com eles. Essa Medida Provisória tem que vir rapidamente para estabelecer um secretário
para nossa área. Ele vai ter que
agir para viabilizar a manutenção do serviço.
FOLHA - Como vocês querem que
seja a desmilitarização?
ALMEIDA - Precisa desmilitarizar a estrutura toda, eles já entenderam bem isso. O sistema
hoje já é dividido. O sinal de radar e a freqüência que vai para a
Defesa Aérea não é o que vem
para nós. Eles [FAB] alegam
que é tudo deles, foram eles que
instalaram. Mas o dono é a
União, o Estado.
FOLHA - O que gostariam de dizer
ao presidente Lula?
ALMEIDA - Que confiamos nele.
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