São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Controladores passaram a se organizar após acidente em 2006

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A coesão e organização "sindical" dos cerca de 2.500 controladores de tráfego aéreo subordinados à FAB, pelo menos até ontem, foram uma conseqüência direta do manejo militar da crise emocional e profissional que abateu o setor depois do acidente do vôo 1907 da Gol em 29 de setembro.
Organizados em "associações" -sindicatos militares são proibidos pela Constituição- os controladores se organizavam apenas para promover atos sociais e de aprimoramento profissional. Hoje, dirigentes consideram que viviam de "olhos vendados" para as péssimas condições de trabalho, que consideravam ser o "normal" em todo o mundo.

Acidente
Isso mudou depois do acidente. Acusam a FAB de não fornecer apoio psicológico e jurídico para a equipe envolvida no controle dos aviões que colidiram. Buscaram "ajuda" com entidades internacionais. E recusaram trabalhar sem condições estruturais.
Daí, começou a operação-padrão, movimento combinado em reuniões secretas e encontros de pequenos grupos fora do serviço. Quando começaram os atrasos, se viram obrigados a justificar seus motivos. Começaram a "vazar" os problemas: "zona cega" de radar, problemas de telefonia, quase-acidentes no ar e a suposta truculência da chefia.

Sonho antigo
Segundo relato de Wellington Rodrigues, presidente da ABCTA (Associação Brasileira dos Controladores de Tráfego Aéreo), na revista internacional "The Controller", esse posicionamento despertou "um sonho antigo" do setor, a desmilitarização do tráfego aéreo.
Ele, Moisés Almeida e Edleuzo Cavalcante se tornaram os líderes do movimento. E também alvos de IPMs. As investigações, aliadas a acusações de que seriam sabotadores e baderneiros acabou por unir a categoria e despertar controladores em outros locais do país. Novas associações foram fundadas, mantendo-se conectadas.
Ainda assim, a ABCTA sempre foi uma voz moderadora na categoria. Há setores mais radicais, que ameaçaram greve em outros momentos, como o feriadão de Carnaval. Ao final, todos concordam que foi apenas a "falta de sinalização" do governo sobre as reivindicações que levou os controladores ao extremo e ao motim. (LS)


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