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Controladores passaram a se organizar após acidente em 2006
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A coesão e organização "sindical" dos cerca de 2.500 controladores de tráfego aéreo subordinados à FAB, pelo menos
até ontem, foram uma conseqüência direta do manejo militar da crise emocional e profissional que abateu o setor depois do acidente do vôo 1907 da
Gol em 29 de setembro.
Organizados em "associações" -sindicatos militares são
proibidos pela Constituição-
os controladores se organizavam apenas para promover
atos sociais e de aprimoramento profissional. Hoje, dirigentes
consideram que viviam de
"olhos vendados" para as péssimas condições de trabalho, que
consideravam ser o "normal"
em todo o mundo.
Acidente
Isso mudou depois do acidente. Acusam a FAB de não
fornecer apoio psicológico e jurídico para a equipe envolvida
no controle dos aviões que colidiram. Buscaram "ajuda" com
entidades internacionais. E recusaram trabalhar sem condições estruturais.
Daí, começou a operação-padrão, movimento combinado
em reuniões secretas e encontros de pequenos grupos fora
do serviço. Quando começaram
os atrasos, se viram obrigados a
justificar seus motivos. Começaram a "vazar" os problemas:
"zona cega" de radar, problemas de telefonia, quase-acidentes no ar e a suposta truculência da chefia.
Sonho antigo
Segundo relato de Wellington Rodrigues, presidente da
ABCTA (Associação Brasileira
dos Controladores de Tráfego
Aéreo), na revista internacional "The Controller", esse posicionamento despertou "um sonho antigo" do setor, a desmilitarização do tráfego aéreo.
Ele, Moisés Almeida e Edleuzo Cavalcante se tornaram os
líderes do movimento. E também alvos de IPMs. As investigações, aliadas a acusações de
que seriam sabotadores e baderneiros acabou por unir a categoria e despertar controladores em outros locais do país.
Novas associações foram fundadas, mantendo-se conectadas.
Ainda assim, a ABCTA sempre foi uma voz moderadora na
categoria. Há setores mais radicais, que ameaçaram greve em
outros momentos, como o feriadão de Carnaval. Ao final, todos concordam que foi apenas a
"falta de sinalização" do governo sobre as reivindicações que
levou os controladores ao extremo e ao motim.
(LS)
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