São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Transição no controle aéreo levará anos, diz Infraero

Para presidente da empresa, processo de desmilitarização será "bastante longo"

As incertezas vão da organização da nova forma de gerenciamento de vôos à disposição dos controladores em aderir à carreira civil

ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente da Infraero (empresa que gerencia os aeroportos do país), brigadeiro José Carlos Pereira, previu ontem que a mudança no controle do espaço aéreo será um processo "bastante longo" -podendo durar "anos"- e que ela enfrenta incertezas para ser organizada, como a própria disposição de parte dos controladores em aderir à desmilitarização.
Ao mesmo tempo, fez críticas à falta de "conversa" com os profissionais do sistema de proteção ao vôo a partir do acidente com o vôo da Gol, em setembro, que deixou 154 mortos.
Sem se referir diretamente à FAB (Força Aérea Brasileira), a quem os controladores são subordinados, afirmou que a crise desencadeada na sexta-feira "poderia ter sido resolvida com um diálogo mais franco".
"Ocorreram falhas na condução do processo, principalmente perda de "time". Ocorreram descompassos sérios principalmente no tempo das reações. E 95% dos problemas da humanidade são resolvidos na conversa", afirmou ele, acrescentando que "não adianta" partir para "ação violenta" porque "os controladores de vôo não são bandidos, não são vigaristas, são pessoas sérias, competentes".
O brigadeiro, embora tenha defendido os operadores, disse que a transição de modelos será "uma tarefa longa" e "não pode ser resolvida em uma semana".
"Em outros países, foi uma questão de anos. Acredito que tudo esteja pronto e funcionando em menos de um ano e meio", disse ele, acrescentando depois que, se houver a intenção de transferir todos os 17 mil profissionais do Decea (Departamento de Controle do Espaço Aéreo) para a área civil, "vamos colocar aí uns cinco, seis anos".

Decisão pessoal
Uma das dificuldades citadas é a impossibilidade de obrigar que todos os controladores aceitem a desmilitarização, já que não se sabe se terão benefícios no setor civil como a estabilidade no emprego. "Os controladores não serão obrigados a deixar de ser militares. Ninguém pode expulsá-los da Força Aérea por causa disso."
"Estamos chegando a um ponto em que a decisão pessoal de alguém querer ser alguma coisa é que vai influenciar no interesse público", completou.
O major Paulo Eduardo Albuquerque de Magella, da divisão de operações do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao Vôo) de São Paulo, ligado à Aeronáutica, disse acreditar que a "minoria vai querer deixar a carreira militar". Para ele, a greve tinha a concordância de "uns 10%" dos profissionais que tiveram sucesso por estar na mesma escala de trabalho".
Outro problema citado pelo brigadeiro Pereira para a demora na transição é a formação de profissionais. Mas ele disse que já há entidades civis se preparando para montar cursos, incluindo universidades de São Paulo, Rio e Paraná -sem citar quais. Pereira aproveitou para defender que os controladores tenham nível superior.


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