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Transição no controle aéreo levará anos, diz Infraero
Para presidente da empresa, processo de desmilitarização será "bastante longo"
As incertezas vão da organização da nova forma de gerenciamento de vôos à disposição dos controladores em aderir à carreira civil
ALENCAR IZIDORO
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente da Infraero
(empresa que gerencia os aeroportos do país), brigadeiro José
Carlos Pereira, previu ontem
que a mudança no controle do
espaço aéreo será um processo
"bastante longo" -podendo
durar "anos"- e que ela enfrenta incertezas para ser organizada, como a própria disposição de parte dos controladores
em aderir à desmilitarização.
Ao mesmo tempo, fez críticas
à falta de "conversa" com os
profissionais do sistema de
proteção ao vôo a partir do acidente com o vôo da Gol, em setembro, que deixou 154 mortos.
Sem se referir diretamente à
FAB (Força Aérea Brasileira), a
quem os controladores são subordinados, afirmou que a crise
desencadeada na sexta-feira
"poderia ter sido resolvida com
um diálogo mais franco".
"Ocorreram falhas na condução do processo, principalmente perda de "time". Ocorreram
descompassos sérios principalmente no tempo das reações. E
95% dos problemas da humanidade são resolvidos na conversa", afirmou ele, acrescentando
que "não adianta" partir para
"ação violenta" porque "os controladores de vôo não são bandidos, não são vigaristas, são
pessoas sérias, competentes".
O brigadeiro, embora tenha
defendido os operadores, disse
que a transição de modelos será
"uma tarefa longa" e "não pode
ser resolvida em uma semana".
"Em outros países, foi uma
questão de anos. Acredito que
tudo esteja pronto e funcionando em menos de um ano e
meio", disse ele, acrescentando
depois que, se houver a intenção de transferir todos os 17 mil
profissionais do Decea (Departamento de Controle do Espaço
Aéreo) para a área civil, "vamos
colocar aí uns cinco, seis anos".
Decisão pessoal
Uma das dificuldades citadas
é a impossibilidade de obrigar
que todos os controladores
aceitem a desmilitarização, já
que não se sabe se terão benefícios no setor civil como a estabilidade no emprego. "Os controladores não serão obrigados
a deixar de ser militares. Ninguém pode expulsá-los da Força Aérea por causa disso."
"Estamos chegando a um
ponto em que a decisão pessoal
de alguém querer ser alguma
coisa é que vai influenciar no
interesse público", completou.
O major Paulo Eduardo Albuquerque de Magella, da divisão de operações do SRPV (Serviço Regional de Proteção ao
Vôo) de São Paulo, ligado à Aeronáutica, disse acreditar que a
"minoria vai querer deixar a
carreira militar". Para ele, a
greve tinha a concordância de
"uns 10%" dos profissionais
que tiveram sucesso por estar
na mesma escala de trabalho".
Outro problema citado pelo
brigadeiro Pereira para a demora na transição é a formação
de profissionais. Mas ele disse
que já há entidades civis se preparando para montar cursos,
incluindo universidades de São
Paulo, Rio e Paraná -sem citar
quais. Pereira aproveitou para
defender que os controladores
tenham nível superior.
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