São Paulo, domingo, 03 de abril de 2011

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Empresas "descobrem" os imóveis tombados

Antes consideradas "dor de cabeça", casas abrigam comércio em São Paulo

Capital paulista tem cerca de 2.000 imóveis tombados, e muitos deles estão fechados ou ainda degradados

VANESSA CORREA
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Imóveis tombados não podem passar por modificação sem autorização do patrimônio histórico e muitos perdem valor de mercado pela impossibilidade de darem lugar a condomínios.
Embora as restrições assustem proprietários e levem muitos casarões e prédios à degradação, não faltam casos bem-sucedidos de aproveitamento de bens tombados na cidade de São Paulo.
"Queria comprar uma casa que tivesse história", diz Luiz Alves Júnior, diretor e dono das editoras Gaia e Global.
A empresa foi instalada no casarão de estilo neoclássico francês de 1891, a antiga residência do arquiteto Ramos de Azevedo (1851-1928), na Liberdade, no centro.
A reforma começou anos antes da mudança, em 1995, e durou dez anos. "A burocracia é grande. Foi muito difícil", afirma Alves Júnior.
Ronaldo Silva Rego, empresário e dono de uma casa em estilo colonial português construída no início do século passado, se considera uma "vítima do tombamento".
Há dez anos o Conpresp (órgão do patrimônio) analisa se deve tombar seu imóvel. "Se já fosse tombado, eu poderia ao menos pedir isenção de IPTU para reformar."
Mesmo com todas as restrições, o imóvel da Bela Vista (centro) virou em 2008 sede da Funeral Home, empresa que oferece "uma atmosfera charmosa e tranquila" para a realização de velórios. Antes disso, o casarão ficou um ano no mercado até ser alugado. "Queriam fazer um rabinato. Quando souberam do processo de tombamento, ficaram com medo."

CENTENÁRIA
Continuar com a função original do imóvel é outra possibilidade, como na Casa da Boia, na rua Florêncio de Abreu, no centro da cidade.
O imóvel foi concebido para abrigar uma fábrica de materiais hidráulicos nos fundos, a casa do imigrante sírio e empresário Riskallah Jorge Tahan em cima e na frente, a loja- que desde 1909 está lá. Mário Roberto Riskallah, neto do fundador da empresa, ficou sabendo do tombamento quando foi pedir autorização para fazer uma obra.
Ele se beneficiou da legislação municipal que estabelece, em alguns casos, isenção do IPTU para o restauro.
São Paulo tem hoje cerca de 2.000 imóveis tombados. Muitos estão fechados e degradados, como alguns casarões da av. Brigadeiro Luís Antônio, no centro.
Na esquina com a rua Santa Madalena, um casarão está desocupado há três anos, à espera de um interessado que desembolse R$ 1,7 milhão.

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