AURELIANO BIANCARELLI
da Reportagem Local

O luto pela morte de alguém próximo talvez seja a mais pessoal e difícil das dores. Não há como se preparar para essa dor, mas há formas de transformar os meses de luto numa fase de crescimento.
Essa é uma das propostas do Instituto de Psicologia Quatro Estações, que está sendo inaugurado hoje em São Paulo por um grupo de psicólogos.
O objetivo é oferecer apoio psicológico a pessoas que estão vivendo períodos de luto e preparar profissionais que lidam com situações de perdas e mortes.
Entre esses médicos e enfermeiros que trabalham com doentes terminais, agentes funerários e funcionários de IMLs.
Os seis psicólogos à frente do Quatro Estações participam também do Lelu, Laboratório de Estudos e Intervenção sobre o Luto da PUC de São Paulo.
O Lelu trabalha sobretudo com o luto real, de mulheres que sofreram aborto, mães que perderam filho ou crianças que ficaram sem o pai ou mãe.
"Além desse atendimento, o Quatro Estações vai trabalhar com o luto simbólico, como a perda de um trabalho, a aposentadoria ou a separação", diz Gabriela Casellato, uma das psicólogas do grupo.
Outra frente de trabalho são grupos de estudos e grupos terapêuticos, por exemplo, para pais que perderam filhos, crianças que perderam os pais ou casais que estão em processo de adoção.
Entre a série de cursos programas está um voltado para perdas e morte na escola. "A intenção é treinar os professores para que possam lidar com situações de perdas das crianças, que pode ser a morte do cachorrinho ou de um amigo da escola", diz Gabriela. Outro curso será voltado para agentes funerários, sempre obrigados a lidar com pessoas vivendo o impacto do luto.
A psicoterapeuta Maria Helena Bromberg, coordenadora do Lelu, professora da PUC e participante do Quatro Estações, diz que as pessoas que não vivem o processo de luto -que pode demorar até um ano- são as que arrastam a dor por mais tempo.