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Você sabe a diferença entre maconha e crack?
BARBARA GANCIA
Colunista da Folha
"Dei uma facada no Danilo nas
costas. Como o cabo quebrou, enfiei a lâmina na boca dele e empurrei com o pé". O autor dessa
frase bacaninha, Luciano de Almeida, 23, o Quaquá, é usuário de
crack. Com a ajuda do amigo
Cristiano Fondello Domingues,
20, ele assassinou três estudantes,
na madrugada do último dia 23,
em Mongaguá.
Quaquá e Cris esfaquearam os
três rapazes, perfuraram seus corpos várias vezes com espetos de
churrasco e ainda queimaram
um deles.
Na manhã seguinte ao crime,
refeito da "viagem" de crack, Cris
disse a um tio que havia cometido
uma "besteira". À polícia, o dependente dessa droga imunda declarou ter sido moleza matar os
estudantes: "Eles morreram como
cordeiros".
Qualquer um com mais de dois
neurônios consegue perceber que
Quaquá e Cris não usaram a
energia necessária para cometer
esses crimes apenas para levar um
telefone celular, R$ 300, um discman e um relógio.
Qualquer um com um cérebro
do tamanho de uma ervilha pode
deduzir que eles se transformaram em sádicos assassinos por
conta de uma equação muito simples: crack + pobreza + ignorância = perda total de limites.
É óbvio como a luz do dia que o
crack é a pior de todas as drogas.
Mas, em plena virada de século,
ainda existem batráquios que se
recusam a entender o problema e
continuam a colocar tudo no mesmo saco. Para certos infelizes, maconha, cocaína e crack são a mesma coisa.
Quantas vezes o caro leitor já
não ouviu alguém dizer que fulano de tal ficou violento porque estava sob efeito de maconha? Outro dia o filho do prefeito não foi
autuado depois de brigar com a
namorada e o que acabou prevalecendo foi a impressão de que ele
havia enlouquecido porque fumara um cigarro de maconha?
Pois, de uma vez por todas, vamos deixar bem claro que a única
maldade que alguém pode cometer sob o efeito de maconha é atacar a geladeira. Álcool e maconha
juntos são outros quinhentos. Mas
dizer que Victor Pitta do Nascimento é violento ou que ficou violento porque fumou maconha é
como dizer que o túnel Ayrton
Senna foi superfaturado para dar
dinheiro à caridade.
É preciso entender que o crime
nesta cidade só aumentou por
conta do consumo de crack. Como
também é preciso enfiar na cabeça que o Estado deve rever com
urgência a taxação de bebidas alcoólicas e cigarros. Alguém já viu
trago ou pitada mais baratos do
que aqui?
Preços internacionais
Somos mesmo pobres de marré.
Os chefes de família que podem
pagar R$ 10 por cabeça para entrar em cada pavilhão da Mostra
do Redescobrimento não precisam temer as filas. Como ocorre
no Hopi Hari, por conta do preço
do ingresso, a mostra não lota
nem a flechadas.
Higiênicos
É limpinho o pessoal da Câmara
e da prefeitura que sabe que não
verá mais o atual local de trabalho
após as eleições. Como gostam de
ver tudo tinindo, alguém duvida
de que eles promovam uma faxina
geral nos cofres antes de partir?
Penitência
Se você deseja castigar os olhos
ou gosta de conviver com a falta
de funcionalidade, corra para o
novo shopping Villa-Lobos.
E-mailbarbara@uol.com.br
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