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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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RIO

Ação no complexo da Maré teve cinco horas de duração; 2 pessoas foram detidas

Morador estranha cordialidade em blitz

FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO

Cerca de 300 policiais civis, com o apoio de dois helicópteros, participaram de uma ação no complexo de favelas da Maré (zona norte do Rio).
O resultado, porém, ficou abaixo da expectativa: duas pessoas foram detidas, uma pistola e nove rádios foram apreendidos, além de uma pequena quantidade de maconha e cocaína. Cinco carros e uma moto roubados foram recuperados na operação.
Para os moradores, porém, foi uma operação "esquisita": "Eles chegaram na educação, falaram "bom dia" e "boa tarde", nunca foi assim", disse o ajudante de obras Luís Sergio Ribeiro.
"Na minha casa moram três famílias e muitas crianças. Eles chegaram dizendo "Dá licença?" [sic], não reviraram tudo e ainda falaram muito obrigado quando foram embora", concordou o vigia noturno Jorge Sette Ribeiro.
Nem um tiro foi disparado nas cerca de cinco horas que os policiais permaneceram no complexo, a partir das 10h. No lugar do habitual clima de tensão, o que se via era policiais se esforçando para ser simpáticos e moradores desconfiados da cordialidade.
Policiais passavam a mão na cabeça de crianças e puxavam conversa. "Há mais de 30 anos não vejo uma operação grande e pacífica como essa", disse o aposentado Clóvis Francisco.
Nem todos se convenceram. A dona-de-casa Vânia Moraes Moreira disse ficar insegura quando a polícia aparece. "É um terrorismo. Quem sofre é o morador. Mandei meus filhos lá para cima", disse ela.
Até o helicóptero do Cosi (Centro de Operações de Segurança Integrada), apresentado anteontem pelo novo secretário de Segurança, Anthony Garotinho, fez uma aparição em cena. O helicóptero é equipado com uma câmera, que transmitia as cenas da operação diretamente para a Secretaria de Segurança.
O objetivo da ação era encontrar um paiol onde traficantes da facção criminosa Terceiro Comando (TC) esconderiam armas e cumprir mandados de busca, apreensão e prisão. O grupo controla o tráfico de drogas em 13 das 15 favelas do complexo.
Sobre o comportamento gentil dos policiais, o coordenador das polícias especializadas, delegado Alan Turnówski, disse que não houve orientação expressa de Garotinho: "Mas, até por causa das declarações dele, o pessoal está respeitando e trabalhando mais".
Na última terça-feira, o secretário disse que não irá aceitar policiais corruptos nem violentos na corporação.


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