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RIO
Ação no complexo da Maré teve cinco horas de duração; 2 pessoas foram detidas
Morador estranha cordialidade em blitz
FABIANA CIMIERI
DA SUCURSAL DO RIO
Cerca de 300 policiais civis, com
o apoio de dois helicópteros, participaram de uma ação no complexo de favelas da Maré (zona
norte do Rio).
O resultado, porém, ficou abaixo da expectativa: duas pessoas
foram detidas, uma pistola e nove
rádios foram apreendidos, além
de uma pequena quantidade de
maconha e cocaína. Cinco carros
e uma moto roubados foram recuperados na operação.
Para os moradores, porém, foi
uma operação "esquisita": "Eles
chegaram na educação, falaram
"bom dia" e "boa tarde", nunca foi
assim", disse o ajudante de obras
Luís Sergio Ribeiro.
"Na minha casa moram três famílias e muitas crianças. Eles chegaram dizendo "Dá licença?" [sic],
não reviraram tudo e ainda falaram muito obrigado quando foram embora", concordou o vigia
noturno Jorge Sette Ribeiro.
Nem um tiro foi disparado nas
cerca de cinco horas que os policiais permaneceram no complexo, a partir das 10h. No lugar do
habitual clima de tensão, o que se
via era policiais se esforçando para ser simpáticos e moradores
desconfiados da cordialidade.
Policiais passavam a mão na cabeça de crianças e puxavam conversa. "Há mais de 30 anos não
vejo uma operação grande e pacífica como essa", disse o aposentado Clóvis Francisco.
Nem todos se convenceram. A
dona-de-casa Vânia Moraes Moreira disse ficar insegura quando a
polícia aparece. "É um terrorismo. Quem sofre é o morador.
Mandei meus filhos lá para cima",
disse ela.
Até o helicóptero do Cosi (Centro de Operações de Segurança
Integrada), apresentado anteontem pelo novo secretário de Segurança, Anthony Garotinho, fez
uma aparição em cena. O helicóptero é equipado com uma câmera,
que transmitia as cenas da operação diretamente para a Secretaria
de Segurança.
O objetivo da ação era encontrar um paiol onde traficantes da
facção criminosa Terceiro Comando (TC) esconderiam armas
e cumprir mandados de busca,
apreensão e prisão. O grupo controla o tráfico de drogas em 13 das
15 favelas do complexo.
Sobre o comportamento gentil
dos policiais, o coordenador das
polícias especializadas, delegado
Alan Turnówski, disse que não
houve orientação expressa de Garotinho: "Mas, até por causa das
declarações dele, o pessoal está
respeitando e trabalhando mais".
Na última terça-feira, o secretário disse que não irá aceitar policiais corruptos nem violentos na
corporação.
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