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São Paulo, sábado, 03 de maio de 2003

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POLÍCIA

Acusado usava empresa para pedir até R$ 3.000 por combate à pirataria

Delegado cobrava para investigar

ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"

O ex-delegado do setor de combate à pirataria em São Paulo, Paulo Sérgio Óppido Fleury, usava sua empresa de consultoria -a Fleury Consultoria S/C Ltda- para cobrar até R$ 3.000, no primeiro mês, por investigações nessa área, mais uma manutenção mensal de R$ 2.500.
O policial foi afastado de suas funções na quarta-feira, depois de a Corregedoria da Polícia Civil descobrir um galpão onde ele guardaria produtos que podem ter sido desviados de apreensões feitas pela delegacia.
Ontem, a reportagem obteve cópia de uma suposta "proposta para prestação de serviços de investigação, levantamento social e informações empresariais". O documento, que tem o nome da consultoria, é datado de 19 de junho de 2002 e foi encaminhado à Puro Cigar de Habana, uma importadora de charutos cubanos, no Itaim Bibi (zona oeste de SP).
A Fleury Consultoria se compromete, diz o contrato, a remeter o resultado da apuração justamente para a Delegacia de Combate à Pirataria, que até então era chefiada por Fleury, no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Por coincidência, no final do ano passado -seis meses após a proposta-, Fleury comandou uma operação contra importadores de charutos, concorrentes da Puro Cigar, e apreendeu várias caixas, alegando que eram contrabandeados. Isso não foi provado.
Ontem, a Secretaria da Segurança Pública informou que foi aberto inquérito contra o delegado. Ele manteria duas linhas telefônicas em nome da empresa, mas desviadas para sua delegacia.
O delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury se recusou, ontem, a falar sobre a cópia da proposta apresentada à Puro Cigar. O delegado pode estar ainda entre os policiais descobertos pelo Ministério Público Federal na investigação contra o doleiro Antonio Oliveira Claramunt, o Toninho Barcelona, acusado de crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Nos grampos telefônicos há referência a um "dr. Fleury".
A Corregedoria pediu informações do caso à Justiça Federal para investigar a origem do dinheiro movimentado por eles.
Um levantamento de patrimônio feito em 98 pela Folha mostrou que Fleury tinha na época uma casa avaliada em R$ 450 mil em Alphaville (Grande SP).


Colaborou a Reportagem Local


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