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POLÍCIA
Acusado usava empresa para pedir até R$ 3.000 por combate à pirataria
Delegado cobrava para investigar
ANDRÉ CARAMANTE
DO "AGORA"
O ex-delegado do setor de combate à pirataria em São Paulo,
Paulo Sérgio Óppido Fleury, usava sua empresa de consultoria
-a Fleury Consultoria S/C
Ltda- para cobrar até R$ 3.000,
no primeiro mês, por investigações nessa área, mais uma manutenção mensal de R$ 2.500.
O policial foi afastado de suas
funções na quarta-feira, depois de
a Corregedoria da Polícia Civil
descobrir um galpão onde ele
guardaria produtos que podem
ter sido desviados de apreensões
feitas pela delegacia.
Ontem, a reportagem obteve
cópia de uma suposta "proposta
para prestação de serviços de investigação, levantamento social e
informações empresariais". O documento, que tem o nome da
consultoria, é datado de 19 de junho de 2002 e foi encaminhado à
Puro Cigar de Habana, uma importadora de charutos cubanos,
no Itaim Bibi (zona oeste de SP).
A Fleury Consultoria se compromete, diz o contrato, a remeter
o resultado da apuração justamente para a Delegacia de Combate à Pirataria, que até então era
chefiada por Fleury, no Deic (Departamento de Investigações sobre o Crime Organizado).
Por coincidência, no final do
ano passado -seis meses após a
proposta-, Fleury comandou
uma operação contra importadores de charutos, concorrentes da
Puro Cigar, e apreendeu várias
caixas, alegando que eram contrabandeados. Isso não foi provado.
Ontem, a Secretaria da Segurança Pública informou que foi aberto inquérito contra o delegado.
Ele manteria duas linhas telefônicas em nome da empresa, mas
desviadas para sua delegacia.
O delegado Paulo Sérgio Óppido Fleury se recusou, ontem, a falar sobre a cópia da proposta
apresentada à Puro Cigar. O delegado pode estar ainda entre os policiais descobertos pelo Ministério
Público Federal na investigação
contra o doleiro Antonio Oliveira
Claramunt, o Toninho Barcelona,
acusado de crime contra o sistema financeiro e lavagem de dinheiro. Nos grampos telefônicos
há referência a um "dr. Fleury".
A Corregedoria pediu informações do caso à Justiça Federal para
investigar a origem do dinheiro
movimentado por eles.
Um levantamento de patrimônio feito em 98 pela Folha mostrou que Fleury tinha na época
uma casa avaliada em R$ 450 mil
em Alphaville (Grande SP).
Colaborou a Reportagem Local
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